Obra pessoal, essencialmente autobiográfica, fortemente inspirada pela cultura popular de seu país, mas que, paradoxalmente, conquistou o mundo e sobreviveu até os dias atuais. O espírito humano, na dor, é universal e atemporal.
Frida Kahlo, pintora mexicana que nasceu em 06 de julho de 1907, há 110 anos, sabia muito bem o que era isso: aos seis anos teve poliomielite, doença que a deixou com uma perna um pouco mais fina e curta; aos 18, sofreu um grave acidente de ônibus, com sequelas que pautaram o resto de sua vida. O autorretrato A Coluna Partida (imagem acima), um dos muitos que produziu, ilustra bem essa realidade.
Todavia, devido ao acidente, Frida ficou meses acamada e, então, começou a pintar. Depois de um tempo, resolveu levar alguns de seus quadros para serem avaliados pelo pintor Diego Rivera, expoente do Muralismo Mexicano, o maior artista do país, internacionalmente reconhecido. Do encontro, nasceu um dos casamentos mais marcantes da história da arte.
O interessante é que, se foi graças ao casamento com Rivera que Kahlo alavancou sua carreira no mundo da pintura profissional, hoje Frida é o “link” pelo qual a maioria das pessoas toma conhecimento do muralista e do movimento: no passado, Frida era a esposa de Rivera; no presente, Diego é o marido de Kahlo. E isso não se deu pelo contraste entre a arte produzida por ambos.
Frida é um ícone político-cultural, uma artista que criou uma personagem onde vida e obra estão interligadas. Parte de sua produção, além dos autorretratos, é sobre temas políticos e sociais. Frida e Diego eram militantes comunistas: em 1937, hospedaram o líder revolucionário russo Leon Trotsky, durante o exílio deste no México. Não podemos esquecer que eles passaram a vida adulta no período imediatamente posterior às revoluções Mexicana (1910) e Russa (1917), numa época em que artistas e intelectuais mexicanos estavam focados na cultura nacional e nas expressões populares da mesma. Além disso, Kahlo é referência e inspiração para os movimentos de emancipação feminina, por ter sido uma mulher sexualmente liberada, dona de um estilo todo próprio de ser e, característica marcante, de vestir, usando e abusando de trajes típicos mexicanos, dentro e fora do país.
Em julho de 1954, aos 47 anos, Frida faleceu, vencida pelos problemas de saúde que lhe martirizaram durante toda a existência. Sua imagem continua presente. Para quem quiser conhecer profundamente a artista, aconselho ler Frida – A biografia, de Hayden Herrera. Descobrirão uma pessoa singular.
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REFORMA TRABALHISTA – Políticos e grandes empresários roubaram o Brasil, trabalhadores pagarão. Essa reforma, contra os assalariados, está para ser votada na próxima terça-feira, no plenário do Senado.
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WILLIAN LEE – Guitarrista brasileiro popular nas redes sociais, onde postava vídeos tocando clássicos do rock nas ruas de São Paulo, faleceu no dia 3 de julho. O músico tinha 46 anos e estava, desde o dia 20 de junho, em tratamento hospitalar.