A resistência à Proposta de Emenda Constitucional nº 241/2016, conhecida como PEC 241, que limita investimentos nas áreas de educação, saúde e previdência social e, também, reajustes do salário mínimo, tem se dado basicamente por estudantes que ocupam estabelecimentos de ensino. Em todo o país, neste momento, são 1.129 escolas (dados da União Brasileira de Estudantes Secundaristas - UBES) e 153 universidades, conforme a União Nacional dos Estudantes - UNE. O Rio Grande do Sul é o terceiro estado com mais escolas ocupadas, 14, atrás do Paraná (850) e de Minas Gerais (69), além de 6 universidades. Inserido nesse quadro, está o movimento Ocupa Tudo Charqueadas, levado a cabo por estudantes do IFSul da cidade.
A ocupação do instituto federal, iniciada dia 13 de outubro, é a única na Região Carbonífera e mantém as aulas paralisadas desde o dia 17. Os alunos permanecem dentro do campus, onde realizam diversas atividades, como oficinas e palestras abertas à comunidade escolar e à população em geral, cuja programação pode ser conferida na página do movimento no Facebook, https://www.facebook.com/ocupatudocharqueadas/. Os estudantes se mantêm com o apoio da comunidade local, principalmente de pais de alunos, que doam itens de alimentação. Quem quiser ajudar o Ocupa Tudo, também pode entrar em contato via o endereço eletrônico acima.
A PEC 241, que, agora, no Senado Federal, tramita como PEC 55, após já ter sido aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados, é rejeitada por 70% da população brasileira, conforme informou a recente pesquisa do instituo Vox Populli. Mesmo assim, o governo Temer (PMDB, PSDB, PP, DEM), autor da proposta, espera que a mesma seja igualmente aprovada pelos senadores até a primeira quinzena de dezembro.
Talvez a ainda baixa participação da população em geral na luta contra a PEC 241 (55), em comparação com as manifestações pelo impeachment da presidenta Dilma, que era apoiado por 60% dos brasileiros (conforme pesquisas realizadas à época), deva-se, em muito, ao papel das grandes empresas de comunicação impressa e televisiva que, por um lado, fazem coro ao ajuste fiscal e à PEC como “único caminho” para a saída da crise, e, por outro, não divulgam as ações das ocupações da mesma forma que faziam em relação à mobilização pró-impeachment.
Logo, a mobilização dos estudantes é a ponta de lança da resistência para que não seja o andar de baixo do povo brasileiro a pagar essa conta. Como disse Winston Churchill durante a Segunda Guerra Mundial, “nuca tantos deveram tanto a tão poucos”.