João Adolfo Guerreiro
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Maranhão sacudiu o Brasil

Que semana agitada essa no meio político! A votação do impeachment no Senado já era prevista, entretanto a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP/MA), revogando a votação do dia 17 de abril, na segunda-feira, colocou o Brasil em polvorosa. Eu ia escrever hoje sobre a decisão dos senadores em afastar por 180 dias a presidenta Dilma Rousseff do cargo, mas depois dessa, só vou falar disso na sexta que vem, já com Michel Temer como presidente em exercício.

Como estou escrevendo na noite de quarta-feira, 11, ainda não sei o placar exato da votação, contudo isso não importa, visto que até os peixes do rio Jacuí já sabem qual será o resultado geral. Estou curioso para ouvir apenas quatro pronunciamentos: Marta Suplicy (PMDB/SP), que até novembro de 2014 era ministra de Dilma e filiada ao PT; Roberto Requião (PMDB/PR), senador não alinhado ao vice Michel Temer; Fernando Collor (PTB/AL), ex-presidente, que sofreu impeachment em 1992 e era da base do governo; e Paulo Paim (PT/RS), para ouvir se ele dirá algo sobre as reformas trabalhista e previdenciária num futuro governo Temer.

Agora são 20h30min, destes só subiu à tribuna a senadora Suplicy, que foi a quarta a se pronunciar. Falou, à tarde, em “governo de união nacional” e em “mudanças”. A senadora já foi prefeita de São Paulo no quadriênio 2001-2004, sendo seu vice Hélio Bicudo, o mesmo que foi um dos signatários do pedido de impeachment aceito por Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente afastado da Câmara dos Deputados que, hoje, é seu companheiro de partido.

Marta Suplicy e Hélio Bicudo, ex-petistas agora entre os algozes do partido e da presidente. Outros ex-petistas podem ser integrados à lista, como o senador e ex-ministro Cristóvão Buarque (PPS/DF) e a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (Rede). Também partidos historicamente ligados à Frente Popular, como o PSB, que igualmente está a favor do impeachment. Sem citar os que estavam até ontem no governo e que agora já articulam com o PMDB, como PP e o PSD, estando os dois primeiros bastante envolvidos na Lava Jato junto com o PT. Todavia, esses faziam parte da ala direita da aliança do governo Dilma. O que importa agora é saber como os antigos petistas se posicionarão nas futuras reformas da previdência e trabalhista e no projeto de terceirização das atividades-fim, que afetarão os assalariados.

Bem, vamos ao ato do deputado Maranhão que, inclusive, é maranhense. O deputado deu um golpe dentro do golpe no golpe e, depois, desferiu um autogolpe: reverteu sua decisão na madrugada de terça-feira. Assim como era prerrogativa de Cunha, como presidente da Câmara, acatar o pedido de impeachment, igualmente Maranhão, afastado Cunha pelo STF, poderia, como presidente interino, ter respondido ao recurso da Advocacia Geral da União contra a votação do dia 17, devido os líderes de partido terem feito uso da palavra para encaminhá-la. O recurso aguardava decisão, Cunha havia sido afastado um dia antes de respondê-lo.

Maranhão entendeu ser irregular a fala dos líderes e acatou o recurso da AGU. Havia votado contra o impeachment, dizem, por influência do governador maranhense, que é do PCdoB. Depois revogou, laconicamente, sua decisão. Sabe-se lá que pressões sofreu. A imprensa começou a divulgar denúncias contra o seu filho. Seu partido, o PP, ameaçou expulsá-lo. Difícil, sem estar no olho do furacão, julgar o deputado. Ele claramente deu um passo maior que a perna, mas, mesmo assim, sacudiu o Brasil por um dia.

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BIBLIOTECA HUMANA – Dia 19, quinta-feira, às 17 horas, no Parcão, em Charqueadas, a Biblioteca Pública Municipal Profª Vera Gaus realizará a segunda edição da Biblioteca Humana. Mais informações na página da Biblioteca, no Facebook.
 

Texto publicado na seção de Opinião do Jornal Portal de Notíciashttp://www.portaldenoticias.com.br
 
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 13/05/2016
Alterado em 13/05/2016
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