João Adolfo Guerreiro
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O Alamo e o 1º de Maio

A resistência ao impeachment é o pontapé inicial para a resistência contra o retorno do projeto neoliberal privatista típico dos anos 1990 ao Brasil e de todo seu ideário que, sobretudo, afetará os direitos previdenciários e trabalhistas dos assalariados dos setores público e privado. O impeachment poderá ser, 180 anos depois, o “Alamo" das forças políticas populares e dos movimentos social, sindical e estudantil.

O Alamo era uma expedição missionária na cidade de San Antonio, no Texas, que foi transformada em forte militar pelos colonos estadunidenses naquele território à época (1836) mexicano, a fim de lutar por sua independência e anexação aos Estados Unidos. Depois de um cerco de duas semanas, o exército do México tomou o forte em 06 de março e executou toda sua guarnição, algo em torno de 200 combatentes. Em 21 de abril do mesmo ano, os texanos derrotaram as forças mexicanas e conquistaram sua independência.

Com o iminente afastamento por até 180 dias da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, as manifestações deste domingo em todo o país, no 1º de Maio, terão a função de somar forças tanto contra o “golpeachment” quanto para a resistência à aliança PSDB – PMDB que viabilizará um provável governo Temer e a sua “Ponte para o Futuro”, que expressa pontos programáticos que apontam claramente para as demandas do capital em detrimento das do trabalho.

Se hoje a população, em sua maior parte, se encontra seduzida pelo discurso anticorrupção seletivo martelado diuturnamente pela grande mídia contra o governo, a ponto de gerar uma manifestação do porte da que ocorreu dia 13 de março em todo o país, o certo é que, com o andar da carroça, as melancias vão se ajeitar em desfavor de seus interesses. O próprio mote anticorrupção vai se tornar uma grande decepção, eis que, num futuro governo formado por partidos que estão igualmente envolvidos nos esquemas de desvio de dinheiro público, encaminhado por parlamentares indiciados na Justiça sob comando de Eduardo Cunha, não se poderá esperar nada além da manutenção desse problema.

Na questão econômica, se é bem verdade que o governo Dilma vinha propondo um ajuste fiscal que retirava direitos dos trabalhadores, a dimensão que esse processo vai tomar num vindouro governo Temer será muito maior e mais profunda e, quando as pessoas começarem a sentir o efeito disso, lá por 2018, muitas possibilidades de ação vão se abrir. Um exemplo: o projeto de terceirização que tramita no Senado, regulamentando o processo nas atividades-meio e o estendendo às atividades-fim, gerará um grande dano às relações de trabalho para os assalariados da iniciativa privada se aprovado como está. Quando os trabalhadores se derem conta de que estarão sendo demitidos das empresas para, em seguida, ocuparem a mesma função numa terceirizada, ganhando menos, vão entender o tamanho da cilada. Na questão previdenciária, então...

No setor publico não será diferente, pois na própria conjuntura já se vê o que acontece em governos peemedebistas e peessedebistas no RS, SP e PR, afetando direitos e ganhos do funcionalismo num ajuste fiscal que os penaliza. Em resumo: será uma “sartorização” do Brasil. Não se esqueçam que, além do parcelamento de salários e retirada de direitos do funcionalismo, o governo gaúcho tem resistido em aumentar o salário mínimo regional, atendendo a demandas empresarias.

Logo, de uma derrota acachapante, no longo prazo poderá vir uma retomada do protagonismo político das forças contrárias à volta do neoliberalismo, anulando seus efeitos nocivos contra os trabalhadores assalariados. Domingo será um dia para isso. Um dia de luta. 1º de Maio, Dia do Trabalhador.


Texto publicado na seção de Opinião do Jornal Portal de Notícias, versões online e impressahttp://www.portaldenoticias.com.br
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 29/04/2016
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