Daqui 400 anos, qual de nós, eu que escrevi e você que está lendo, será lembrado por sua vida ou obra? Pois o dramaturgo inglês William Shakespeare conseguiu isso (sábado, dia 23, será o quarto centenário de seu falecimento) e sua arte permanece atual, como atestam as encenações de suas peças teatrais pelo mundo todo, bem como as inúmeras adaptações cinematográficas das mesmas que continuam a ser lançadas.
Aqui em Charqueadas, por exemplo, em meados dos anos 2000, a Fundação Carpe Diem encenou três de suas peças, sob a direção de Carlos Alberto do Rio Martins: Otelo, Romeu e Julieta e O Mercador de Veneza.
Poderia citar de cabeça, entre livros, filmes e espetáculos baseados em seus textos a que tive acesso, além das acima mencionadas, obras como Hamlet, Muito Barulho por Nada, Sonhos de uma Noite de Verão e A Megera Domada. Existem muitas outras bem famosas que não apontei, como Macbeth (que inclusive está com uma nova versão nos cinemas) e Ricardo III. Shakespeare, além de tudo, é conhecido por várias obras, não como o autor de um ou dois livros importantes.
O texto shakespeariano que mais aprecio é Hamlet. É, com certeza, o mais conhecido do autor. É dele também suas citações mais famosas, que fazem parte da cultura ocidental, como “Há algo de podre no reino da Dinamarca” (atual no Brasil, muito referida) e “Ser ou não ser, eis a questão”. Li o livro e adorei. Depois, pude ver o filme de 1996 do ator-diretor Kenneth Branagh, que usa o texto original na íntegra, o que leva a produção a ter quatro horas de duração. Uma delícia.
Particularmente, um dos diálogos em Hamlet que mais aprecio é quando o conselheiro real Polônio fala com seu filho, Laertes, que irá viajar para longe: “O sol se assenta no ombro de tua vela, e és esperado. Aqui, minha bênção contigo! E alguns preceitos em tua memória trata de gravar. Não dês a teus pensamentos língua, nem a qualquer pensamento despropositado ato. Sê familiar, mas de modo algum vulgar. Os amigos que tiveres, e testada sua lealdade, estreita-os à tua alma com aros de aço, mas não gastes tua palma com entreter cada recém-nascido, desplumado camarada. Cuida de não entrares em uma briga, mas estando em uma, faz com que o oponente cuide-se de ti. Dá a todo homem teu ouvido, mas a poucos tua voz; toma a censura de cada homem, mas reserva teu julgamento. Compõe teu traje conforme tua bolsa pode comprar, mas sem expressar luxo; rico, não ostensivo: pois o hábito muita-vez revela o homem, e aqueles na França de melhor posto e posição têm uma seleta e generosa eminência quanto a isso. Nem um devedor nem um credor sejas: pois o empréstimo muita-vez perde a si mesmo e ao amigo, e tomá-los borra o limite da parcimônia. Isto acima de tudo: a ti mesmo sê verdadeiro, e seguirá, como a noite ao dia, que não poderás ser falso a homem algum”.
Paro por aqui. Muito vai se falar de Shakespeare por esses dias. O melhor, na minha opinião, é ler seus textos.
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TIRADENTES – O mineiro Joaquim José da Silva Xavier, 200 anos após sua execução, ocorrida em 21 de abril de 1792, entrou para o Livro dos Heróis da Pátria por ser um dos líderes da chamada Inconfidência Mineira, insurreição contra o domínio português descoberta devido a “delação premiada” do coronel Silvério dos Reis. Foi o único inconfidente a ser executado e, também, era o que possuía a patente militar e posição social mais baixa dentre esses. Hoje, todo brasileiro curtirá um feriado em memória de seu martírio. Geralmente, apenas a glória póstuma é reservada aos pobres.
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BIBLIOTECA HUMANA – Anotem nas agendas: dia 19 de maio, quinta-feira, às 17 horas, no Parcão, em Charqueadas, a Biblioteca Pública Municipal Profª Vera Gaus realizará a segunda edição da Biblioteca Humana. Mais informações na página da Biblioteca, no Facebook.
Texto publicado em 21.04.2016 na seção de Opinião do Jornal Portal de Notícias, versões impressa e online: http://www.portaldenoticias.com.br