Charqueadas indignada
O assassinato brutal e covarde do jovem Ronei Faleiro Júnior, de 17 anos, barbaramente agredido por um grupo de criminosos em pleno centro, ao sair de um clube tradicional da cidade, acompanhado pelo pai, após uma festa de escola, não poderia de forma alguma ser assimilado com indiferença e naturalidade pela comunidade charqueadense. Seja clamando por justiça e segurança ou defendendo uma cultura da paz, as pessoas estão se mobilizando. Ainda bem que a população reage a esse tipo de acontecimento trágico.
Em termos de justiça um primeiro passo já foi dado, visto a Brigada Militar e a Polícia Civil terem efetuado a prisão dos 14 envolvidos. Quanto a segurança, quem esteve na última sessão da Câmara de Vereadores ouviu dos parlamentares que a situação da Brigada Militar está aquém do necessário, com sua capacidade de policiamento ostensivo reduzida a níveis mínimos, o que impede um circulação de viaturas em horários importantes como durante as saídas de escola ou ao término de festas noturnas.
Quanto à defesa de uma cultura da paz na cidade, manifestações com esse objetivo estão ocorrendo nas redes sociais e em público, como na segunda-feira, em frente ao Parcão. Hoje, às 17 horas, uma caminhada convocada pela Liga das Equipes da Gincana, “por mais segurança, proteção aos jovens e justiça no caso Ronei Júnior”, sairá da frente do Live Studio, na entrada da cidade.
O problema da violência é nitidamente social e de segurança pública, o que não justifica nem atenua a responsabilidade individual dos porventura envolvidos em atos violentos. Talvez seja o momento de os poderes Executivo e Legislativo trabalharem com a hipótese de criação de uma secretaria de segurança pública municipal, que realizasse um trabalho de mapeamento de grupos e regiões com maior potencial de criminalidade, a fim de articular com a esfera estadual, Polícia Civil e Brigada Militar, um acompanhamento preventivo do problema, concomitante à ação social, cultural e educativa de outras secretarias da prefeitura.
É mais ou menos o que se fez em Nova York nos anos 1990, com excelentes resultados, no chamado “Tolerância Zero”. Ação social e de segurança pública, combinadas, de maneira preventiva, visando não somente a coerção reativa pura e simples que, sabemos, só se dá depois da desgraça já ter ocorrido. Muitas cidades do Rio Grande do Sul contam com uma secretaria de segurança pública, realizando uma ação análoga.
Por fim, cabe lamentar profundamente a morte prematura e violenta, que comoveu a cidade. Para pais, familiares e amigos, não existem palavras que possam ser ditas nesse momento de tão profunda dor ante uma perda superlativa e atroz, a não ser o sincero desejo de que Deus lhes traga o conforto e a força necessária para suportar e superar esse momento inimaginavelmente difícil.
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O BANRISUL é o culpado? Não! A responsabilidade pelo atraso do pagamento dos salários do funcionalismo gaúcho é do governo estadual. Assim, creio que não cabe ao Banrisul corrigir o problema do Estado, pois, ao agir assim, estaria fragilizando sua condição financeira e abrindo caminho para sua privatização, o que é inaceitável. O Banrisul só não foi privatizado pelo ex-governador Britto devido a este ter perdido a reeleição, em 1998. Depois, o banco cresceu e passou a ser um ponto de apoio para os governos estaduais posteriores em momentos como esse. Um banco público forte é o que a sociedade gaúcha e, principalmente, os trabalhadores gaúchos, precisam, especificamente os servidores públicos.
Artigo publicado na versão impressa e na seção de Opinião online do jornal Portal de Notícias:
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