João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
Textos
Os Replicantes
Ano passado, dia 4 de outubro, assisti ao show da banda gaúcha de hardcore Os Replicantes, no Live Studio de Charqueadas. Desde aquele dia estava para escrever esse texto. Os Replicantes foi uma das grandes bandas do “boom” do rock gaúcho no início dos anos 1980, com seu punk rock tosco e irresistível. Impossível ir a um show deles e não pensar naquele tempo...
Na última Feira do Livro de Porto Alegre, comprei a obra independente “Tá no Sangue: A História do Rock Pesado Gaúcho – Parte 1”, de Luis Augusto Aguiar, Maicon Luis Custódio Leite e Douglas Torraca e, mais tarde, adquiri “Prezados Ouvintes” (editora Artes & Ofícios), do ex-locutor da Ipanema Mauro Borba. A leitura desses livros sistematiza as recordações desses anos.
Recordo da primeira vez que ouvi “Nicotina” na rádio Ipanema FM, sentado na garagem da casa dos meus pais: “Nicotina nicotina ta no meu pulmão, corre nas minhas veias para meu coração, ah que cheiro de fumaça nesse meu blusão”. A Ipanema era o veículo por onde todas as bandas nascentes vieram a público. A emissora fazia jus ao seu slogan “O ponto alternativo do seu rádio”. A 94.9 trazia, além de Borba, nomes como o Nilton Fernando, Mary Mezzari, Ricardo Barão (com seu programa Central Rock) e a Kátia Suman, que fazia o horário da noite, depois da Voz do Brasil. Sua “cortina” era Misty Mountain Hop, do Led Zeppelin.
Fica claro na lembrança o surgimento de bandas como Os Replicantes, Taranatiriça, Engenheiros do Hawaii, TNT, Os Eles, Garotos da Rua, Banda di Banda, Frutos da Crise, Valhala, Bandaliera, Astaroth, DeFalla, para citar as que eu lembro de cabeça e que curtia mais. Também alguns discos de vinil long play (LP) antológicos, apresentando coletâneas com as bandas emergentes, como o Rock Garagem I e II (1984 e 1985) e Rock Grande do Sul (1985), esse último lançamento nacional pela RCA (atual Sony).
Especialmente recordo do compacto d’Os Replicantes (1985) com os petardos O Futuro é Vortex, Nicotina, Rockstar, O Princípio do Nada e Surfista Calhorda, o grande hit da banda: “Hack na caranga muito louca pra dá banda, Cheque na carteira recheada de paranga, Prancha importada assombrando a meninada, Corpo de atleta e rosto de Baby Johhson Refrão: É, mas quando entra n’água, É, é na primeira braçada, É, ele não vale uma naba, ele não surfa nada, ele não surfa nada”. Num som realizado aqui no Clube Tiradentes, com o saudoso Ricardo Barão, ele trouxe o compacto, que acabava de ser lançado, e jogou um para o público, além de rodar todo ele.
Nesse ponto vem à mente vários shows que ocorriam aqui, no Clube e, geralmente, no Ginásio da Afaço, com essas bandas todas. E também dos festivais Rock Unificado, realizados no Gigantinho, em Porto Alegre. Quando os locutores da Atlântida FM, que também promovia o evento, pegavam o microfone a galera entoava, provocativa: “Ipanema, Ipanema!” Era demais! Ver o Taranatiriça cantando roquinho, com o excelente Marcelo Truda esmerilhando na guitarra: “Entre na raia e dance esse rock’n roll, xará!” Inesquecível.
Voltando ao show d’Os Replicantes em Charqueadas, já não era a mesma formação dos anos 80, pois o vocalista Wander Wildner e o baterista Carlos Gerbase não estão mais na banda, apenas os irmãos Cláudio e Heron Heinz (guitarra e baixo) permanecem. Júlia Barth e Cleber Andrade substituíram Wander e Gerbase e Os Replicantes continua visceral e furiosa sobre o palco. Curiosamente, antes de ir para o show, vi na TVE um especial sobre a Banda no programa Palcos da Vida, onde os atuais e antigos integrantes subiam ao palco para comemorar os 30 anos de atividade, em um show gravado em dezembro de 2013 no Bar Opinião, em Porto Alegre.
Foi uma grande noite no Live Studio, mostrando que a vida segue em frente e que o passado se atualiza, virando algo novo e, ainda, instigante.
“Hey hey, my my, rock and roll can never die” – Neil Young.
Texto puclicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias:
http://www.portaldenoticias.com.br
Ano passado, dia 4 de outubro, assisti ao show da banda gaúcha de hardcore Os Replicantes, no Live Studio de Charqueadas. Desde aquele dia estava para escrever esse texto. Os Replicantes foi uma das grandes bandas do “boom” do rock gaúcho no início dos anos 1980, com seu punk rock tosco e irresistível. Impossível ir a um show deles e não pensar naquele tempo...
Na última Feira do Livro de Porto Alegre, comprei a obra independente “Tá no Sangue: A História do Rock Pesado Gaúcho – Parte 1”, de Luis Augusto Aguiar, Maicon Luis Custódio Leite e Douglas Torraca e, mais tarde, adquiri “Prezados Ouvintes” (editora Artes & Ofícios), do ex-locutor da Ipanema Mauro Borba. A leitura desses livros sistematiza as recordações desses anos.
Recordo da primeira vez que ouvi “Nicotina” na rádio Ipanema FM, sentado na garagem da casa dos meus pais: “Nicotina nicotina ta no meu pulmão, corre nas minhas veias para meu coração, ah que cheiro de fumaça nesse meu blusão”. A Ipanema era o veículo por onde todas as bandas nascentes vieram a público. A emissora fazia jus ao seu slogan “O ponto alternativo do seu rádio”. A 94.9 trazia, além de Borba, nomes como o Nilton Fernando, Mary Mezzari, Ricardo Barão (com seu programa Central Rock) e a Kátia Suman, que fazia o horário da noite, depois da Voz do Brasil. Sua “cortina” era Misty Mountain Hop, do Led Zeppelin.
Fica claro na lembrança o surgimento de bandas como Os Replicantes, Taranatiriça, Engenheiros do Hawaii, TNT, Os Eles, Garotos da Rua, Banda di Banda, Frutos da Crise, Valhala, Bandaliera, Astaroth, DeFalla, para citar as que eu lembro de cabeça e que curtia mais. Também alguns discos de vinil long play (LP) antológicos, apresentando coletâneas com as bandas emergentes, como o Rock Garagem I e II (1984 e 1985) e Rock Grande do Sul (1985), esse último lançamento nacional pela RCA (atual Sony).
Especialmente recordo do compacto d’Os Replicantes (1985) com os petardos O Futuro é Vortex, Nicotina, Rockstar, O Princípio do Nada e Surfista Calhorda, o grande hit da banda: “Hack na caranga muito louca pra dá banda, Cheque na carteira recheada de paranga, Prancha importada assombrando a meninada, Corpo de atleta e rosto de Baby Johhson Refrão: É, mas quando entra n’água, É, é na primeira braçada, É, ele não vale uma naba, ele não surfa nada, ele não surfa nada”. Num som realizado aqui no Clube Tiradentes, com o saudoso Ricardo Barão, ele trouxe o compacto, que acabava de ser lançado, e jogou um para o público, além de rodar todo ele.
Nesse ponto vem à mente vários shows que ocorriam aqui, no Clube e, geralmente, no Ginásio da Afaço, com essas bandas todas. E também dos festivais Rock Unificado, realizados no Gigantinho, em Porto Alegre. Quando os locutores da Atlântida FM, que também promovia o evento, pegavam o microfone a galera entoava, provocativa: “Ipanema, Ipanema!” Era demais! Ver o Taranatiriça cantando roquinho, com o excelente Marcelo Truda esmerilhando na guitarra: “Entre na raia e dance esse rock’n roll, xará!” Inesquecível.
Voltando ao show d’Os Replicantes em Charqueadas, já não era a mesma formação dos anos 80, pois o vocalista Wander Wildner e o baterista Carlos Gerbase não estão mais na banda, apenas os irmãos Cláudio e Heron Heinz (guitarra e baixo) permanecem. Júlia Barth e Cleber Andrade substituíram Wander e Gerbase e Os Replicantes continua visceral e furiosa sobre o palco. Curiosamente, antes de ir para o show, vi na TVE um especial sobre a Banda no programa Palcos da Vida, onde os atuais e antigos integrantes subiam ao palco para comemorar os 30 anos de atividade, em um show gravado em dezembro de 2013 no Bar Opinião, em Porto Alegre.
Foi uma grande noite no Live Studio, mostrando que a vida segue em frente e que o passado se atualiza, virando algo novo e, ainda, instigante.
“Hey hey, my my, rock and roll can never die” – Neil Young.
Texto puclicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias:
http://www.portaldenoticias.com.br
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 23/01/2015
Alterado em 23/01/2015
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