Dilma e Sartori: deu a lógica
Lá e aqui, os candidatos aos quais as urnas deram vantagem de 40% dos votos válidos no primeiro turno, indicando serem esses os preferidos, terminaram por ser eleitos no segundo turno: Dilma e Sartori. Deu a lógica.
Dilma Rousseff, do PT, fez, no Brasil, 51.6% dos votos válidos (54.501.118), enquanto Aécio Neves, do PSDB, atingiu o percentual de 48.4% (51.041.155), ficando a diferença entre ambos em 3.459.963 votos. Reeleita presidente, Dilma leva seu partido a 16 anos no poder central. Em termos de Brasil, não é pouca coisa tal hegemonia.
Sobre as perspectivas para a eleição presidencial no segundo turno, baseando-me no resultados das urnas no primeiro, escrevi aqui no Portal em artigo publicado no dia 10.10.2014: ”Aécio, por sua vez, parece estar em melhor situação que Tarso, em virtude do apoio da Rede e do PSB e das denúncias de corrupção contra o governo federal. Só que Dilma fez 41% dos votos e ele tem de correr atrás (buscar 16% de votos para vencer, enquanto a presidenta precisa de 9%), sendo que o eleitorado de Marina, que decidirá o pleito, aparentemente, não é refratário ao PT, que faz um governo muito bom do ponto de vista sócio-econômico”.
A análise conjuntural mostrou-se pertinente, mesmo com toda a gama de apoios que o candidato tucano recebeu no segundo turno, destacando-se, dentre esses, o de Marina Silva (Rede/PSB), que foi no horário eleitoral defender a candidatura de Aécio. Marina fez 21.3% dos votos válidos (22.176.619) no primeiro turno, ficando na terceira colocação. Foi em seu eleitorado que a presidenta buscou grande parte dos sufrágios que lhe garantiram a continuidade do mandato, visto que Luciana Genro (PSOL), que indicou o não voto em Aécio, conseguira somente 1.55% dos votos válidos (1.612.186).
Aqui no Rio Grande do Sul, José Sartori, do PMDB, saiu de índices em torno de 4% dos votos, de acordo com as pesquisas do primeiro turno, para vencer o pleito com 61.2% dos votos válidos (3.859.611), desbancando do poder o atual governador petista Tarso Genro, que obteve 38.8% (2.445.664), sendo a diferença entre os concorrentes de 1.413.947. Uma grande vitória, sem dúvidas.
Igualmente baseando-me no resultados das urnas no primeiro turno, escrevi aqui no Portal no mesmo artigo: “Tarso Genro (PT) parece estar em numa situação difícil, visto o PP ter indicado apoio a Sartori no segundo turno. Pior: o eleitorado do PP, 22%, a princípio é refratário ao PT”.
Dito e feito: numa análise esquemática, podemos conjecturar que Sartori levou quase todos os votos obtidos pela senadora Ana Amélia lemos (PP) no primeiro turno (21.8% - 1.342.115), enquanto Tarso deve ter levado a maioria dos votos de Vieira da Cunha (PDT) e Roberto Robaina (PSOL), que, somados, chegaram a um percentual de 5.04% dos votos válidos (310.200).
Na Região Carbonífera, Dilma venceu em cinco cidades e Aécio em duas (Minas do Leão e Triunfo), enquanto Sartori obteve a primeira colocação em todos os municípios. O melhor resultado de Dilma e Tarso foi em General Câmara, sendo o de Aécio e Sartori em Minas do Leão. Eis os percentuais, em votos válidos:
Arroio dos Ratos –
Dilma 51.6%, Aécio 48.4% /
Sartori 58.8%, Tarso 41.2%;
Butiá -
Dilma 51%, Aécio 49% /
Sartori 52.4%, Tarso 47.6%;
Charqueadas -
Dilma 50.6%, Aécio 49.4% /
Sartori 56%, Tarso 44%;
General Câmara -
Dilma 55.6%, Aécio 44.4% /
Sartori 53.5%, Tarso 46.5%;
Minas do Leão -
Aécio 62.4%, Dilma 37.6% /
Sartori 66.6%, Tarso 33.4%;
São Jerônimo -
Dilma 52.5%, Aécio 47.5% /
Sartori 53.4%, Tarso 46.6.2%;
Triunfo -
Aécio 51.4%, Dilma 48.6%
/ Sartori 59.9%, Tarso 40.1%.
No total da Região Carbonífera, temos, em votos válidos:
Dilma 50.2% (38.956), Aécio 49.8% (38.671);
Sartori 56.8% (43.297), Tarso 43.2% (32.876). Por esses índices, vê-se que, aqui na região, os candidatos petistas ficaram acima da média que obtiveram no Estado, onde Aécio (53.5%) e Sartori venceram.
Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias:
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