Foto: Carlos Roberto Guedes.A Greve
A greve, direito do trabalhador.
Greve: grevista x patrão, conflito de classe.
Patrão patrona, grevista faz greve. Greve é contra o patrão. Patrão não gosta de greve nem de grevista.
Grevista para de trabalhar. Patrão gosta de trabalhador que nunca para, que sempre trabalha. Grevista é trabalhador que cruza os braços: reivindica.
Trabalhador, greve, direito: sindicato!
Agora é greve! Paralisação: reajuste, promoção, aposentadoria, condição de trabalho.
Agora é greve: piquete! Piquete que não tem patrão, só tem grevista.
Piquete de greve: grevistas, faixas, cartazes, luta coletiva. Pela classe, sempre.
Greve: protesto! Protesto: mobilização: tarol, corneta, vuvuzela, buzina, vozes.
Gargantas + vozes = palavras de ordem!
Greve é plein air: mobilização! Greve é tache: palavras de ordem.
Greve faz milagre: antes da greve, não tem funcionário. Para tapar o furo da greve, aparecem os funcionários: é o milagre da multiplicação dos funcionários! Greve faz milagre!
O grevista é penitenciário: penitente das condições de trabalho, paradoxal espectro da (in)segurança pública onde lida e é vítima.
Patrão é sempre patrão, mesmo que seja um PaTrão, com distintivo estrelado classista: não gosta de greve nem de grevista.
O PaTrão, PaT(a)r(so)ão, sem barba e sem bigode, faz governo que não negocia com grevista. Do ABC pro gabinete: estrela opaca não brilha na noite escura.
E a dePuTada PaTroa, na tela da PRBS, acusa: grevistas baderneiros na Assembléia! Grevistas não sabem negociar! E pergunta: porque a greve? Dá uma conversa cruzada lasiertiana em sua própria história.
Assim, para o patrão e para a deputada, baderneiro bom são os baderneiros deles contra os governos dos outros e das outras. Grevista e baderneiro, no governo dos outros e das outras, é refresco. Assim como piso nacional.
A greve não aprece na PRBS, pois a PRBS também não gosta de greve, nem de grevista, nem de reajuste. A PRBS blinda o futuro da Amélia, sua filha, a “mulher de verdade”, como escreveu o Lago. Certo tá o Lisboa: “Deixa estar Godard que a estrela do oriente, nos enreda nessa rede de TV”. Melhor ainda: “Cada povo tem o novo que merece e o Menudo vem com tudo e com razão”.
A PRBS critica os aumentos: não quer dívidas para a filha.
Logo, elles não gostam da greve e dos grevistas: o PaT(a)r(so)ão, a PRBS, a deputada. O grevista é um rejeitado. Mas é resistente.O grevista, como o sertanejo de Euclides, é um forte: pela classe, sempre, em qualquer governo.
O patrão não gosta de greve, nem de grevista, nem de sindicato. Patrão gosta de trabalhador que sempre trabalha. Quem não faz greve ganha 15%. Patrão premia quem sempre trabalha: elogio à submissão. A PRBS critica os 15%: protege/projeta sua filha.
O grevista, sem os 15%, nada contra a corrente, “caminhando contra o vento”, como cantou o Caetano tropicalista no festival em 68.
Realmente, o PaTrão mudou, o patrão não gosta (mais) de greve. “Diga que já não me quer, negue que me pertenceu...”, já tinham dito Adelino e Enzo pela voz da Bethânia. Do ABC para o gabinete, do macacão para o terno, sem barba e sem bigode, mas, caetaneando às avessas, com lenço e com documento, com tudo nos bolsos e nas mãos
Greve: direito do trabalhador. Direito que patrão não gosta, seja ele de direita ou de esquerda, de qualquer governo.
Escrever, como viver, é se posicionar: é grevear!
Publicado na seção de Opinião do Jornal Portal de Noticias:
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