Exemplos

Existem aquelas pessoas a quem chamamos de exemplo. “Fulano é um exemplo paras as pessoas”. “Sicrano é um exemplo para mim”. “A conduta de Beltrano é exemplar”. E isso se dá numa família, local de trabalho, comunidade, cidade, bairro, pais, enfim, no mundo. Depende da amplitude e da abrangência do exemplo.

Citemos alguns casos: Madre Tereza de Calcutá foi um exemplo para o mundo; Gandhi foi um exemplo para o mundo. Quem é ou foi um exemplo para o Brasil? Quem é ou foi um exemplo para o Rio Grande? Para a tua cidade? Para o teu bairro? Para a tua família? Pense a respeito e chegue à sua própria resposta.

Uma pessoa que é exemplo o é sempre para os outros, em função de algo que tenha feito para essas pessoas ou apenas por sua conduta exemplar para consigo mesmo, conduta que sirva de referência para os outros e que tenha o manifesto reconhecimento dessas.

Ou então a pessoa é exemplo por ser a individualidade mais visível dentro de uma prática social, seja qual for a abrangência ou amplitude desse social, que é tida como exemplar. Vejamos: ajudar desinteressadamente as pessoas é algo que sempre serve de exemplo para os outros. Uma pessoa que ajude os necessitados de seu bairro na liderança de uma entidade beneficente vai porventura ser reconhecida como um exemplo a ser seguido.

Podem ser um ídolo, uma pessoa pública, ou não. Até porque nem sempre ídolos ou pessoas públicas, necessariamente, vão ser exemplos. Algumas até são um mau exemplo. Logo, pode ser um anônimo pequeno exemplo, um exemplo para poucas pessoas, um exemplo simples, sem nenhum agregado moral na conduta. Tipo uma singela ação cotidiana: aquela pessoa que nunca joga lixo no chão na via pública, sempre procura a lixeira mais próxima. Essa pessoa é um exemplo a ser seguido pelas outras, mesmo que não a conheçam. Ou aquele jovem que sempre dá o lugar no ônibus lotado para as pessoas idosas.

Atualmente, cuidar do corpo é algo que ultrapassou as fronteiras etária e estética do jovem e do belo. E essa construção social vem de algumas décadas, buscando qualidade de vida e saúde para as pessoas, principalmente para as que já avançaram firme por entre as primaveras da vida.

Um dos primeiros nomes de que me vem à mente, lá nos anos 1970, é o do Dr Kenneth Cooper, um norte americano dedicado a Educação Física como meio para a qualidade de vida. Um dos primeiros divulgadores do trabalho de Cooper no Brasil foi o saudoso ex-treinador da Seleção Brasileira de Futebol na Copa de 1974, Cláudio Coutinho. Cooper dedicou o seu livro “O Programa Aeróbico para o Bem-Estar Social”, de 1982, à Coutinho.

Cooper ainda está vivo. E seu nome será lembrado por muito tempo ainda, já que o tal “teste Cooper” virou sinônimo de dar uma corridinha. “Vamos fazer um cooper amanhã, pessoal?” Cooper é um exemplo. E nesse exato sentido quero falar de duas pessoas que são um exemplo para as outras de minha cidade, o Vladimir Oliveira, 48 anos, e o Nilo Goularte, de 71 (foto acima).

Eles tem sido notícia na imprensa regional, como corredores semi-profissionais de provas estaduais e nacionais pela Federação Brasileira de Atletismo como atletas do grupo Carbo Runners, que tem obtido excelentes resultados nas competições que participam. Mas o seu exemplo não se deve pelos feitos como atletas, mas sim por serem expoentes locais visíveis dessa construção social a que me referi acima, que busca qualidade de via e saúde para as pessoas por meio da atividade física regular.

Vladimir, formado em Educação Física, começou a correr “às ganhas” há 10 anos. Já Nilo, “começou a correr” aos 64 anos! Um exemplo para a gente esses dois. Não importa a idade, faça uma atividade física devidamente acompanhada por uma avaliação médica. Corra, caminhe, ande de bicicleta, por aí. Nunca é tarde para obter qualidade de vida. Tomem Vladimir e Nilo como exemplo.


Texto publicado na seção de opinião do jornal Portal de Notícias: http://www.portaldenoticias.com.br