João Adolfo Guerreiro
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Foto - Jornal Zero Hora de 21.02.07

Amor para toda a eternidade
(Aos poetas do Recanto)


Pessoal, vejam só o que achei na edição de 21 de fevereiro do jornal  Zero Hora . Para os poetas daqui do Recanto, que vivem a discutir o amor sob todos os seus ângulos, principalmente o temporal, creio que a história é um fato interessante a ser refletido. Porisso socializo-o com vocês.


Amor para a eternidade

Dorival e Maria Odete morreram de infarto juntos, após 45 anos de paixão
JAISSON VALIM

Dois corações que aceleravam ao mesmo tempo no início da década de 60 pararam de bater juntos na madrugada de segunda-feira. Dorival de Souza, 68 anos, e Maria Odete de Souza, 66 anos, morreram em um intervalo de meia hora, pela mesma causa: infarto. O coração de Odete, maltratado por três décadas de hipertensão, não agüentou quando o marido sofreu uma parada cardíaca fatal, em casa, em Capão da Canoa.

Foi o desenlace de uma paixão de 45 anos, caso que comoveu o Litoral Norte.

- É uma história tão bonita como trágica - definiu o genro, Celso Barbosa, prefeito de Xangri-lá.

Dorival cortejava Odete em partidas de futebol, corridas de cavalo e outras confraternizações da comunidade de Morro Alto, em Maquiné.

- Naquela época, Odete namorava um homem muito mais bonito do que ele - lembrou a irmã da aposentada, a comerciante Felicidade Barbosa, 69 anos.

Dorival, porém, apresentava seu charme. Preocupava-se com o trabalho, era divertido, contava causos como ninguém. Odete cedeu: terminou com o namorado e deu a chance ao agricultor. Só que, para confirmar o namoro, Dorival precisou enfrentar a rigidez do futuro sogro.

- Se você tem interesse nela, continue. Se não, não esquente o banco aqui em casa - orientou o pai de Odete, Jacob Galimberti.

Dois anos depois, em 1963, Odete ganhou o sobrenome do noivo em um casamento com mais de 200 convidados. O teste inicial ao amor do casal veio quando do primeiro parto de Odete: o bebê nasceu morto. A prova só serviu para aproximá-los. Tiveram os primeiros filhos em Maquiné, mas resolveram caminhar em direção à promessa de dias melhores. Decidiram morar na praia de Arroio Teixeira, para onde Galimberti já havia se transferido.

Casal trabalhava com afinco para sustentar os seis filhos

A mudança ajudou a transpor as dificuldades. O casal começou como ecônomo de um camping no início da década de 1970, e montou o próprio estabelecimento quatro anos depois. Trabalhavam sem parar para sustentar seis filhos. Mantiveram o ritmo até os últimos dias, mesmo com a prole crescida.

Nesse tempo, também mantiveram acesa a paixão com gestos de solidariedade e companheirismo.

- Era um amor peculiar - conta a filha mais velha, Maria Cristina Bauer, 41 anos.

Odete passou tão mal depois de presenciar a morte do marido, à 0h45min. Sequer conseguiu chegar viva ao hospital para receber socorro.

- É comum em uniões duradouras que, quando um morre, é como se o outro perdesse o motivo para estar vivo - observa o psiquiatra Eduardo Ferreira.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/02/2007
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