Cada coisa que acontece! Essa eu resolvi socializar para vocês do Recanto.
Pois aqui na minha cidade, Charqueadas, de 30 mil habitantes, a 56 quilômetros de Porto Alegre, com 6 penitenciárias (com 4 mil presos no total), um falso policial civil (o cidadão da foto acima) trabalhou quatro meses na Delegacia de Polícia local sem ser descoberto.
É o fundo do poço! O cúmulo da incompetência!
Claro que aí tem coisa.
O homem, ouvi de várias pessoas, oferecia serviço de segurança para as lojas da cidade e atuava como policial, estando sempre pela delegacia e participando, inclusive, de ações policiais, em Charqueadas e em outras cidades.
Foi visto várias vezes com o carro da polícia pela cidade.
Abaixo, transcrevo duas matérias do jornal Zero Hora. A primeira do dia 12 de fevereiro e a segunda de hoje, 14.
Pasmem!
(Em 2000 um falso médico trabalhou um mês no Hospital Geral de Charqueadas, até ser descoberto pelos enfermeiros, que desconfiaram da sua falta de conhecimentos. Minha cidade é privilegiada...)
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Falso inspetor trabalhava em delegacia
Homem que se fazia passar por agente em Charqueadas é investigado
A Polícia Civil abrirá hoje as investigações para apurar um constrangedor episódio para a própria corporação. Um falso inspetor atuou na delegacia de Charqueadas, na Região Carbonífera, num período que teria durado pelo menos quatro meses.
Além de confirmar a suspeita, a apuração precisará explicar como o homem, cuja identidade é mantida em sigilo pela Polícia Civil, agiu por tanto tempo na falsa profissão e quais eram seus interesses.
- Vamos punir quem for preciso - prometeu o secretário da Segurança Pública, Enio Bacci.
Policiais militares desmascararam o farsante na noite de sexta-feira. Conhecido por seu perfil prestativo, ele se recusou a fazer o registro de uma ocorrência. A Brigada Militar buscou informações sobre a identidade do homem e fez a descoberta. Ao voltar à DP, já era tarde: ele havia fugido.
Nem a BM nem os plantonistas da DP de Charqueadas deram informações sobre o caso, mas Zero Hora apurou que o suspeito foi visto por PMs com viatura da Polícia Civil no atendimento a ocorrências nos últimos meses. Em suas conversas, ele até fazia uso de gíria policial e tratava os PMs com cortesia.
Há duas cogitações iniciais para justificar a infiltração do falso inspetor na delegacia. A primeira é que ele teria agido com a benevolência de algum servidor. A falsificação de um documento com a nomeação a Charqueadas é a segunda possibilidade.
- Agora é prematuro cogitar qualquer hipótese, mas acho difícil a falsificação de ofício - diz o substituto da Delegacia Regional de São Gerônimo, Vilson dos Santos Domingues.
O caso desperta preocupação entre policiais e no próprio secretário da Segurança. Um falso inspetor está mais sujeito a erros - para ocupar a função, candidatos passam por um exigente concurso e seis meses de treinamento na Academia de Polícia. A infiltração pode até servir para municiar bandidos de informações - ou dar-lhes tratamento privilegiado.
- Um erro na composição de um boletim de ocorrência pode significar a liberação de um culpado ou a punição de um inocente - diz Bacci.
Deslocado ao Litoral pela Operação Verão no início do mês, o titular da DP de Charqueadas, Ivan Pompílio, disse desconhecer a situação.
O instruso
> O falso inspetor, de 39 anos, chegou a freqüentar aulas de preparação de policiais militares no início dos anos 90. No início dos anos 2000, ele tinha uma empresa de vigilância em Canoas, na Região Metropolitana
> Seu histórico policial mostra uma série que ocorrências no qual vítimas o apontam como suspeito por ameaças, lesões corporais e golpes de estelionato. Ele já teria feito uso de identidade falsa em ao menos uma ocasião
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Suspeito nega ter atuado como policial:
Homem teria trabalhado em delegacias de Canoas e Charqueadas
O homem que estaria se fazendo passar por policial para atuar na Delegacia da Polícia Civil de Charqueadas se apresentou ao delegado Vilson Domingues, em São Jerônimo. Em depoimento, ele negou ter executado qualquer atividade dentro da DP de Charqueadas ou de outro órgão policial.
Jeferson Hoeher Soares, 39 anos, admitiu ter uma empresa de segurança particular e disse freqüentar a delegacia por conta da natureza de sua atividade. A polícia apura a informação de que ele se identificava como inspetor Gerson. A suposta irregularidade veio quando policiais militares desconfiaram da atuação dele junto à DP. PMs afirmaram ter visto o homem usando viaturas e em operações.
Ontem, o Grupamento de Supervisão de Vigilância e Guardas (GSVG), da BM, confeccionou um termo circunstanciado por exercício ilegal da função contra um funcionário da empresa do golpista. O funcionário recebeu uma autuação contra a empresa, que não está cadastrada no GSVG.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 14/02/2007
Alterado em 01/05/2007