João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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General de campo da escola gaúcho-gremista, Felipão, mostra ao mundo a superiodade do futebol força gaúcho ao comandar a subsidiária portuguesa contra a subsidiária brasileira, comandada pelo aspirante Dunga.


Clássico
do Futebol Gaúcho:
Grêmio-Portugal  2 x 0  Brasil-Internacional


O futebol gaúcho está em alta. O último clássico do nosso futebol reuniu na Inglaterra duas subsidiárias gaúchas, Portugal e Brasil. No estádio do Arsenal.

Tudo a ver.
Os ingleses inventaram o futebol durante as guerras de antanho. Logo o futebol força do Rio Grande deveria ser reverenciado por suas subsidiárias num... Arsenal, depósito de guerra!
Futebol não é arte, futebol é guerra. Futebol arte é coisa de mulher e de veado. Macho faz guerra, futebol força. Nada contra as mulheres e os veados (até porque os dois gostam de homem macho, né), mas cada um na sua e todos com free.

Futebol arte está decadente até porque aquele Flamengo dos anos 80 já não mais existe e Zico já é aposentado e engana como treinador. O Santos dos anos 60? Bom, aqueles eram tempos pré-históricos. O São Paulo do início dos 90? Bom, aquele era um time híbrido, nem arte nem força, e tinha já a marca do futebol força gaúcho: O mestre Telê Santana só foi o que foi porque treinou o Grêmio no final dos anos 70, e aprendeu alguma coisa com generais como Osvaldo Rolla (o “Foguinho”) e Ênio Andrade, todos oriundos do que tem de melhor, a escola gaúcha-gremista de generais de campo.
O Barcelona não acreditou em tudo isso e levou uma surra do Internacional no mundial: 1x0. Isso mesmo, pois goleada é coisa de futebol arte. No futebol força gaúcho goleada é 1x0, placar de macho. Placar "dilatado" é coisa de fresco.

Antes, o expoente maior do futebol força gaúcho, o Grêmio Futebol Portoalegrense, mostrou ao mundo e pro Hamburgo em 1983 que a equipe fundada pelos descendentes alemães gaúchos superou em muito a atrasada cultura futebolística da metrópole. Só não fizemos os holandeses do Ajax sentirem o mesmo porque o juiz alemão estava comprado em 1995. Alemão invejoso e recalcado! Mas futebol é guerra e em guerra vale tudo e, também, macho que é macho não fica reclamando quando é roubado. Rouba depois também!

Pois recentemente o mundo resolveu homenagear a meca do futebol mundial, o Rio Grande do Sul, com um jogo entre as suas duas subsidiárias que falam a língua portuguesa, Portugal e Brasil.
Portugal teve o maior general de campo de todos os tempos, o grande Felipão. Felipão, O Grande. General mais bem sucedido do maior clube de futebol gaúcho, o Grêmio. Ah, ia esquecendo, os mestres futebolísticos gaúchos não são treinadores, são generais de campo, senhores da guerra do futebol força. Treinador é denominação usada no subalterno futebol do resto do mundo.
Felipão. Que além de tudo é Scolari, carrega consigo o sangue do futebol retranqueiro e viril da Itália. Isso, Felipão é o amálgama perfeito do futebol gaúcho: a bravura dos “pêlo-duro” gaúchos, a coragem e ambição aventureira dos portugueses e espanhóis, a força e a disciplina dos alemães, a brutalidade original do futebol inglês, a malandragem viril dos africanos, a rebeldia dos índios guaranis e a retranca dos italianos, tudo isso regado a muita cachaça, cerveja e vinho de Caxias, principalmente, pois Felipão é Scolari..

Já o Brasil, na falta de ter o melhor, pegou o aspirante Dunga, modelo fashion e dublê de general de campo gaúcho. Pudera, na falta de um general gremista, pegaram um subalterno de baixa patente do Internacional, o segundo clube em importância do futebol gaúcho.

E isso foi, creiam, o que selou o destino do jogo. Felipão tinha sido zagueirão do Caxias quando jogador. Não dançava chula, mas era chulo como deve ser um zagueiro macho do futebol força gaúcho.
A bola era apenas um detalhe, pois o importante era a canela, a costela, o tornozelo, o joelho, a coxa e o supercílio e os testículos do adversário. Mãos, pés, cabeça e cotovelos em ação permanente de ataque, um trotskysmo adaptado ao futebol, com elementos de anatomia militar “aplicada”. Sem termos técnicos e refinados, somente os palavrões comuns da linguagem popular do homem macho. Vão pra PQP, seus FDP! Por aí.

Já o aspirante Dunga não teve uma escola tão boa quanto Felipão, pois começou no Internacional. Bueno, não é a toa que um é “Ão” e o outro é “Anão”. Era volante e teve o mérito de ser o emblema de uma época no futebol brasileiro, a “Era Dunga”, onde o Brasil começou a ver que só através do futebol força gaúcho sairia da decadência do arcaico futebol arte e seria novamente campeão da Copa do Mundo. Dunga era macho, dava pontapé e garantia o 1x0, na nossa melhor tradição vitoriosa. Até palavrão falava.

Mas Dunga não tem somente o defeito de ser oriundo do pequeno Internacional. É também um cara vingativo. Está colocando o maior exemplo da superioridade do futebol força gaúcho em relação ao futebol mundial, o gremista Ronaldinho Gaúcho, no banco da subsidiária brasileira. Recalcado! Que nem o juiz alemão aquele.
Para quem não sabe, há alguns anos Dunga era um quase aposentado que decidiu encerrar a carreira de jogador no Internacional. Nada mais decadente e melancólico, diga-se de passagem. Naquela final de dois jogos do Campeonato Gaúcho (o certame de maior importância do futebol mundial), o Grêmio foi campeão.

No primeiro jogo, Dunga mostrou que já não era o mesmo e ficou reclamando que Ronaldinho chegava por cima da bola. Ora, gaúcho macho joga sempre por cima da bola, mesmo sendo craque. E Dunga já nem lembrava disso! Pois no segundo jogo levou um chapeuzinho de Ronaldinho, que fez isso só para mostrar pro veterano que o lugar dele era embaixo da bola de um gremista, o que é o lugar certo para um membro da estirpe inferior do futebol riograndense.

Bom, mas voltemos ao jogo das subsidiárias gaúchas, Portugal X Brasil. Primeiro, ao ver o general Felipão ostentando seu uniforme verde e o aspirante Dunga com uma camiseta de fresco já dava para perceber qual seria o resultado.

(Aliás, permitam-me esse parênteses: o jornal Argentino Olé classificou Dunga como “rústico, com nada de beleza”. Em primeiro lugar, para um egresso do futebol força gaúcho isso é um enorme elogio. Segundo, Dunga hoje está passando longe dessas qualidades. Está refinado e belo, isso sim, e porisso está no mau caminho. Por essa visão curta e invertida das coisas é que os argentinos não ganham mais nada. Só no tempo do Maradonna, aquele sim, quase um craque gaúcho, chulo, bom de bola e marginal. Quase um Felipão! A diferença é que o general só bebe vinho de Caxias...)

O jogo das subsidiárias, na melhor tradição gaúcha, corria num emocionante 0x0, com pontapé pra todo o lado, até que Felipão disse pra portuguesada que era pra parar de brincadeira e fazer logo a tradicional goleada. Não deu outra: Portugal 1x0. Dunga ficou coçando as florzinhas de sua camisa de veado, sem entender nada. Pudera, aspirante não é general, Internacional não é Grêmio. Felipão é general e Grêmio!
E quando todos pensávamos que tudo ia terminar no melhor estilo do futebol força gaúcho, os portugueses tiveram uma recaída e fizeram 2x0. Prá quê! Engana-se quem achou que Felipão pulava de contente com o segundo gol. Pulava de irado com seus insubordinados comandados!
- Droga, por isso que estes indisciplinados tiraram o quarto lugar na Copa e foram vice na Europa. Não aprendem. É só 1x0! – urrava o general.

Claro que o pau comeu no vestiário, após o jogo. A portuguesada levando pranchaço de facão e lambada de relho de couro-cru no lombo, para aprenderem que o negócio é futebol força, e não o decadente futebol arte.
- A partir de agora vocês vão tomar só vinho de Caxias, seus insurgentes. Sem essa de vinho do Porto. Não ao refinamento, sim a rudeza! Não a arte, sim a força! Salve o 1x0! – repetia um colérico e ensandecido Felipão a seus comandados, enquanto batia com as duas mãos e chutava com os dois pés, cotovelando, dando cabeçados e cuspindo na cara, como nos velhos tempos de zagueiro.
- Vocês são uma desonra ao futebol força! Nem parecem que seus antepassados colonizaram o Brasil viajando naquelas caravelas fedorentas e sujas, tomando porre de rum e desdentados de escorbuto. Honrem suas tradições!

Bueno, pelo estoque de vinho de Caxias do Sul importado pela Federação Portuguesa de Futebol, creio que o país vai ser campeão da Eurocopa e da Copa do Mundo de 2010.

Quanto ao futebol gaúcho de verdade, fora das subsidiárias, o Grêmio vai ser campeão da libertadores da América e do Mundial Interclubes novamente. Isso mesmo, o Internacional só foi bem no ano passado porque o Grêmio não estava na Libertadores. Agora que voltamos, já era pra eles. Subalterno é subalterno, deve ficar no seu lugar. Dunga agora aprendeu isso definitivamente.

Para quem duvida, é só ver o Campeonato Mundial Gaúcho, onde o Grêmio é 100% e o Internacional é sétimo, usando o Time “C” de coitado... Aliás, na rodada deste domingo, 11 de fevereiro, o Grêmio continua 100%, 6 jogos, 6 vitórias, sem levar gol, e o Inter, agora usando o Time “A”, continua naufragando e não ganhou! Normal.

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AVISO:

Este texto é baseado, em filosofia, forma literária e ironia exacerbada, na obra “Grêmio, Nada pode ser maior”, do grande jornalista gaúcho Eduardo Bueno. É minha homenagem ao cara, que é bom demais.

Para não ser mal compreendido na ironia, cito aqui uma passagem do final do referido livro:
“Ainda sim, a maior parte das teses hidrófobas que esse livro finge defender, inclusive esta última, é apenas ironia. Mas o Brasil é, de acordo com as luminosas palavras de Egberto Gismonti, o país onde é preciso explicar ironia.”

Logo, viva o Brasil, as mulheres, os veados e os torcedores do Internacional.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 11/02/2007
Alterado em 11/02/2007
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