Olha eu aí em cima, tapado por esse velho careca de camisa azul-escura com o braço esquerdo cruzado, eh eh eh eh. Acharam? - Fotos: Twiter do Erasmo Carlos.
A gente fica velho e as desilusões e pauladas da vida vão nos deixando amargurado e mau humorado, num aspecto condizente com a inevitável decadência física. É? Não!
Depois de ler "Minha Fama de Mau", a autobiografia do Erasmo Carlos (que recomendo), eu passei a me interessar novamente pelo trabalho desse artista que faz parte da trilha sonora de muita gente, eu aí incluído.
O CD de 2010, Rock'n Roll, mostra um artista que mantém intacta a criatividade, tendo ainda o que dizer e o que cantar aos 70 anos de vida e 50 de carreira. Aliás, este show de 17 de dezembro no teatro do Bourbon Country em Porto Alegre, lotado, é parte da turnê de comemoração do cinquentenário artístico do Tremendão.
O nome do show é Sexo e Rock'n Roll, alusivo ao trabalho do ano passado e ao CD desse ano, Sexo.
Fomos eu e minha esposa. Erasmos mostra ao vivo o que li na sua autobiografia, um cara que sabe que é preciso saber viver, mantendo a alma leve, sem as amarguras da velhice e sem o mau humor da adolescência.
Simpático, educado, engraçado, criativo, eis o artista que vi no palco.
Uma ótima banda acompanhou Erasmo, atualizando com competência os arranjos de suas canções. Dois guitarristas solo muito bons, um ótimo tecladista, guitarrista base, baixo e bateria ao cargo dos guris da banda Filhos da Judite, igualmente impecáveis.
Erasmo cantou com a voz de sempre, chamando atenção principalmente na parte em que ficam no palco somente ele e o tecladista para interpretar partes de várias músicas de amor dele. Sua voz é aparentemente frágil e pequena para um roqueiro e contrasta com o o seu porte físico avantajado, mas ele se mostra afinado e expressivo, ali, sentado, sem nenhum truque, dialogando com as teclas.
Descubro e redescubro várias canções de seu grande repertório de sucessos (somente senti falta de "Dá um close nela") como Mulher, Superstar, Fama de Mau, Ei Mãe, Festa de Arromba, É proibido Fumar, Sentado a Beira do Caminho, Pega na Mentira, Panorama Ecológico (onde mencionou que ele e Roberto já falavam do tema nos anos 70), Como é Grande o Meu Amor por Você, Eu Te Amo, Cavalgada, Mesmo que Esse Homem Seja Eu, E que Tudo Mais Va Pro Inferno, Kama Sutra (que abre o show), Cover de Mim (onde aparece um impagável sósia de Roberto Carlos), Pode Vir Quente que Eu Estou Fervendo, Gatinha Manhosa.
Saio completamente satisfeito de 1h e 45 min de show (tem gente com vinte e poucos anos por aí que faz show de uma hora!). Cantei, dancei, sorri.
Abaixo "o meu amigo Erasmo Carlos!!!!" Junto com sua (excelente) banda, com as manequins peladonas penduradas e com o quinteto de cordas da PUC cantando "É preciso saber viver".