Tiririca: - "Pior que tá não fica!"

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“Pior que tá não fica” - Tiririca.

Já li tanta coisa sobre a eleição do Tiririca em São Paulo no RL e na Internet que resolvi também dar o meu pitaco, da mesmo forma que outros milhões de internautas, com certeza.
1.300.000 votos fez o Tiririca, quase o que o Enéas fez em 2002 (1.5000.000). Ele é um artista, um palhaço na televisão fazendo humor. Nem na Globo ele trabalha. Mas fez essa bordoeira de votos. Muita gente critica o Tiririca, acha sua eleição um aberração eleitoral. Eu não.
Todo o voto tem um conteúdo político, representa um entendimento político. E o povo ter colocado um palhaço no Congresso representa muito, revela o que uma parcela expressiva do povo pensa e sente com relação a corrupção, a falta de saúde digna, aos salários baixos, a uma porção de coisas que o aflige no cotidiano. Não é de graça que colocaram justo um palhaço lá. E a maioria dos analistas, ao invés de entenderem e respeitarem isso, criticam.
Eu não, eu respeito e procuro entender.
Isso não é um deboche, é sim uma manifestação de desprezo e um grito de socorro de quem está cansado de fazer papel de palhaço, e a simples presença de Tiririca no Congresso vai lembrar isso aos deputados, por mais arrogantes, vaidosos e insensíveis que parcela deles sejam.
Por outro lado, prestem atenção, o partido que convidou Tirtirica a concorrer queria os seus votos pra somar na legenda e ajudar a eleger mais deputados. Assim, o povo é novamente usado na sua boa fé e revolta.
Imaginem só se a eleição do Tiririca fosse o maior problema do Congresso! Não é, nem de longe! Só os reacionários e os esnobes pensam assim.
Porisso tem razão o palhaço: pior do que tá, não fica.

Não fica pior mesmo

Enquanto o pessoal fica no lugar comum de achincalhar a eleição do Tiririca, tem muitas outras coisas que a eleição trouxe pra gente prestar atenção.
Por exemplo: uma moça comunista de 29 anos que se reelegeu deputada federal com 482 mil votos no Rio Grande do Sul. Manuela Dávila, do PCdoB. Proporcionalmente, levando-se em conta que o eleitorado de SP é maior que o do RS, Manuela fez mais votos que o Tiririca (8% contra 6.35%), e isso é um fato digno de nota, pois Manuela tem um conteúdo político bem definido, é uma militante comunista.
Mas claro que não foi a sua ideologia que fez toda essa votação acontecer, foi um somatório de fatores: jovem, muito bonita, perfeitamente conectada com a juventude gaúcha. Também fez um trabalho interessante no Congresso, como a Lei dos Estágios, que beneficiou muitos jovens.
Eu, perguntando para um rapaz daqui da minha cidade, de 23 anos, que é músico, porque ele tinha votado nela. Falou tipo: “Ah, porque ela é jovem, fala a nossa língua, trabalha pela gente”. Estranhamente ele não sabia nenhum projeto dela. Votou no oba-oba, mas isso faz parte do carisma da guria.
Podemos ver também outros fatores como:
Os candidatos a governador do PSB Eduardo Campos (Pernambuco) e Renato Casagrande (Espírito Santo) conseguiram respectivamente 82.8% e 82.3% de votos válidos, votações surpreendentes!
Aqui no RS, pela primeira vez um governador é eleito em primeiro turno: Tarso Genro, do PT.
Os quase 20% de votos de Marina Silva enfraqueceram a polarização PSDB x PT no país e abre espaço para outras formas de conceber os rumos do pais.

Mas pode ficar pior também

Ao passo que a eleição do Tiririca não me espanta ou desagrada em nada, a não reeleição da deputada federal do PSOL Luciana Genro deixa-me muito contrariado.
Uma mulher combativa, que saiu de um partido grande, o PT, por manter a coerência na defesa dos trabalhadores durante a reforma da Previdência de 2004, que com outros do mesmo naipe a criou um partido popular. Pois ela fez 130 mil votos, a oitava maior votação entre os candidatos a deputado federal no RS, mas ficou de fora por falta do PSOL atingir o coeficiente mínimo de votos para fazer uma cadeira.
Um candidato do PSB (que estava coligado na proporcional com o PCdoB da Manuela) se elegeu com 28 mil votos. A Luciana sobrou.
Tudo bem, não é culpa do cara, ele concorreu na dele, nas regras do jogo, e talvez venha a ser um grande deputado.
Assim como o ex-BBB Jean Wyllys, do PSOL do RJ, que surpreendentemente se elegeu com apenas 13 mil votos (se esperava mais de um vencedor de BBB), na carona da grande votação do Chico Alencar, reeleito pelo mesmo partido com 240.000 votos. Deve ter sobrado gente com mais de 100 mil votos no RJ, mas o Jean entrou, assim como o cara do PSB também entrou.
Faz parte – como diria o Bambam, outro Big Brother.