João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos
Katy Perry
CD One of the boys
2008 – EUA


Os sucessos comerciais incluídos nesse CD são vários, todos ainda rolando no You Tube, na MTV, nas rádios. Canções como o grande hit I Kissed Girl, Ur So Gay e Hot’n Cold. Pop anos 2000, bem típico.
Embora use de recursos modernos ao pop rock na sua gravação, com sintetizadores, instrumentos e efeitos eletrônicas, o som, as letras e o visual de Perry tem um viés retrô rock anos 50 bem perceptível. Daí eu me sentir motivado a fazer essa resenha.

Lembrem dos anos 50, o rock nascente com Buddy Holly e os The Crickets, Elvis, Litle Richard, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, Fats Domino. Canções harmonicamente básicas com melodias simples mas energéticas, interpretadas por artistas jovens e talentosos, em letras triviais que abordavam com picardia a vida e os relacionamentos da juventude da época, com uma sensualidade comedida (olhando-se com os olhos de hoje, claro). O rebolado de Elvis, parece inacreditável, causava escândalo na época!!!
Tudo isso, reprocessado e atualizado, você percebe ma maioria das canções de One Of The Boys.

Katy é de uma família religiosa e já cantou profissionalmente música gospel. É afinada, tem uma voz educada de belo timbre e interpreta com bastante expressividade as canções. Parte de seu sucesso se deve a isso: a guria é realmente muito boa de voz. Creio que a outra parte ao que eu disse no parágrafo anterior.
Analisando as três canções de maior sucesso do CD, vemos tantos pontos em comum que parece terem saído de uma mesma fórmula de elaborar canções (parece?). Todas elas podem ser tocadas com poucos acordes, tem uma base harmônica linear com variações calcadas nos arranjos (básicos nos versos e encorpados nos refrões) e linhas melódicas, sem solos instrumentais, com refrões simples e marcantes e letras sobre relacionamentos numa abordagem juvenil insinuante e bem humorada.

“I Kissed Girl” ( www.youtube.com/watch)fala de uma menina que experimenta beijar outra e gosta, embora tenha namorado e queira continuar heterossexual. Usando em sequência os acordes Am, C, Dm, F e E você toca praticamente toda a música, que só muda a melodia e o arranjo dos versos no refrão.
“Ur So Gay” (que tem um clipe hilário www.youtube.com/watch) é sobre um cara heterossexual que parece gay de tão vaidoso e fashion que é. Toda ela é executada com Em, C7+, Am e B7.
“Hot’n Cold”, (que também tem um clipe divertidíssimo www.youtube.com/watch), reclama de um namorado que muda muito de opinião e não sabe o que quer, deixando a garota estressada. G, D, Am e C, em sequência, dão conta de quase todo o recado.

Todas elas tem a seguinte estrutura:
1 - Verso com uma linha melódica
2 - Refrão com duas linhas melódicas
3 - Repete verso e refrão
4 - Verso com base harmônica (variam os acordes) e melodia diferentes
5 - Repete o refrão.
As pequenas variações dessa estrutura são: Ur So Gay tem uma introdução, as outras começam e entram direto no verso após o breve início de bateria; o 4 de Ur so gay não muda a base harmônica, mas se compõe a partir de um naipe de sopros e de um verso curto.

Entretanto, toda essa simplicidade e formulismo não é sinônimo de indigência musical.
Primeiro, usando o potencial da cantora, sempre ouvimos várias linhas melódicas vocais, simples mas bem boladas, se entrelaçando ou se complementando ao longo das canções. Os efeitos eletrônicos são usados sempre com bom gosto e funcionalidade, agregando bastante dinâmica aos arranjos. Os instrumentos base (bateria, guitarra, baixo e teclados) seguem esse mesmo padrão.
Trabalho de profissionais a serviço de canções que tem a felicidade de agradar aos ouvidos, méritos dos compositores (ah, a guria assina a co-autoria de todas as canções do CD). Acertar em cheio fazendo o simples não é fácil.

No visual, então, a referência às pin up’s dos anos 50 e a sua sensualidade recatada para os padrões atuais é óbvia. Em toda a arte visual do CD temos Perry usando roupas nesse estilo num cenário fixo remetendo bem às gravuras das famosas pin up´s. Nos shows e aparições ao vivo a cantora segue essa mesma linha visual.

Em suma, se no som fica menos perceptível esse viés retrô devido ao aparato tecnológico atual, o estilo de abordagem das letras em simetria com o visual não deixa dúvidas: Katy Perry conseguiu voltar ao passado e soar atual, com um trabalho com forma e conteúdo diferente do que se ouve hoje em dia de outras cantoras pop no mercado musical da indústria cultural, que estão todas tendendo para modelos parecidos entre si, seja na linha pop ou na rock.


João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 22/05/2010
Alterado em 22/05/2010
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