Dia dos namorados
Carlito era um mulherengo de marca maior. Iria completar um ano de namoro com Aida e, ao mesmo tempo, era casado com Patrícia. Só a amante sabia da situação. O problema é que as duas eram ciumentas e muito bravas. Carlito ficava tentando equilibrar o jogo: não deixar que a esposa descobrisse a amante, que por sua vez exigia muito dele, em todos os sentidos.
- Amor, vamos completar um ano de namoro e, como está perto o Dia dos Namorados, quero um presente bem bacana, viu.
- Aida, estou apertado de grana. Estou gastando muito com o Júnior, que está doente.
- Não quero saber Carlito, quero um presente bom de aniversário de namoro. Te vira. Já chega ser a outra na tua vida. Se não, encerro o namoro e nunca mais vai ter “cavalo chucro” nem “moto engasgada”.
Carlito resolveu dar um jeito e pedir uma grana emprestada para um amigo, mesmo estando com muitas dívidas. Não viveria feliz sem fazer o “cavalo chucro” e a “moto engasgada”. Para não dar bandeira, foi numa loja de uma cidade vizinha. Chegou lá e olhou daqui, olhou dali, e gostou de um sofá. “Imagina eu a Aida aí” – pensou. Negociou com uma vendedora e foi no caixa pagar.
- Carlito!
- Laura? Tu está trabalhando aqui?
- Claro cunhadinho, comecei ontem. Garanto que a avoada da Patrícia nem te contou!
- É, não contou.
- Essa minha irmã, tem uma cabecinha. Foi uma sorte eu ter arranjado esse serviço, tava precisando. E tu, o que está fazendo aqui?
- Eu... Bem...
- Ah, a nota do sofá é tua! Comprando para a Patrícia, né. Dia dos namorados.
- É.
- A vista Carlito? Pensei que vocês estavam sem grana, por causa do Júnior?
- É. Pedi emprestado.
- Ah, tá, comprou a vista que é para a Patrícia não descobrir antes do Dia dos Namorados, né?
- É.
- Pode deixar comigo cunhadinho, eu guardo o sofá no estoque e mando pra Patrícia de surpresa, no Dia dos Namorados.
- É. Tá.
- Que coisa boa eu te encontrar aqui no meu primeiro dia de trabalho, e ainda mais fazendo uma coisa dessas para a Patrícia. Você é demais, Carlito.
- É.
Ao deixar a loja e ir para casa, Carlito pensava onde ia arrumar outro cavalo e outra moto.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 18/05/2006