João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos
Foto - Capa de edição italiana número 500 de Tex (utilizada na edição 400 no Brasil). Kit Willer (vermelho), Tex Willer (ao centro), Kit Carson e Jack Tigre (agachado).

Tex
Willer sessentão!


Fazia tempo que eu não comprava um gibi do Tex, coisa de uns cinco anos. Lia esporadicamente na minha juventude, tipo por alguns meses a fio num ano, na sequência dois anos sem ler, nesse ritmo. No ano passado estou na banca em que sempre compro revistas e estava lá um desses leitores assíduos do Tex, o Amaury, que adquire toda a edição que sai e coleciona. Daí me deu vontade de ler novamente o gibi. Reparei que em 2008 Tex comemorou 60 anos de publicação ininterrupta (Vecchi, RGE/Globo e atualmente Editora Mythos publica[ram] o gibi).
Comprei uns dois do tipo Edição Histórica, pois vem com histórias completas, visto que no Tex normal as aventuras duram duas ou três edições. Falei pro cara de uma história que eu tinha lido do Tex por volta dos 10 anos, mais ou menos, ao final dos anos 70, e que versava sobre um cometa que caía no deserto do Texas (na verdade era no estado do Arizona, eu me enganara) e ele, ao ouvir o enredo, falou que conhecia a história e que tinha. Eu nem pedi emprestada a revista, pois os colecionadores são geralmente cuidadosos com seus gibis e sempre procuro evitar de incomodá-los, a não ser que o cara ofereça ao ver o nosso interesse.
Sempre gostei de gibis com traço realista, em preto e branco (a gente fica imaginando as cores da história a gosto próprio), e o Tex caiu como uma luva no meu gosto. Além dele eu lia os antigos heróis da Marvel (Homem Aranha, Capitão América, Homem de Ferro), os Disney e o da Jornada das Estrelas, todos com a mesma marca dos traços realistas, mas em cores.
Outro ponto é que eu via quando guri muitos filmes de cowboy do John Wayne (acho que vi todos) e do Audie Murphy. Também adorava a série Rintintin e filmes de Forte Apache em geral. Nos filmes de cowboy o estereótipo do herói era sempre um cara corajoso, valente, bom atirador, bom de briga, íntegro e que lutava pela lei e pela justiça, combatendo os bandidos e os malvados. Básico, né. E o Tex segue a mesma lógica. Talvez daí o sucesso e a durabilidade do gibi e do personagem: o público que o lê é aquele criado nos tempos áureos dos filmes de cowboy, hoje raros.

Bom, até aqui falei do Tex com uma intimidade que só quem sabe do que se trata entende bem. Pois o Tex é uma coleção sobre o personagem Tex Willer, um ranger do estado americano do Arizona, na segunda metade do século 19.
Você não vê mídia sobre o Tex, não é um gibi que tenha filme feito em hollywood (o filme "Tex e o Senhor do Abismo" foi produzido pela RAI), mas tem uma legião de fãs daquelas.
Depois que eu comprei os gibis e saí da banca, fui no bar da rodoviária tomar um café e um cobrador de ônibus, que eu conheço mas com quem não lembro de ter trocado mais que meia dúzia de palavras antes, veio conversar comigo, ao ver que eu “também lia Tex”. Os “texianos” são meio assim, lobos solitários como a própria personagem, mas ao verem um “pard" (parceiro) vem pra conversar sobre a personagem e, invariavelmente, contam a "história da minha coleção que eu tinha e que perdi não sei onde e que agora me arrependo".
Existem várias comunidades no Orkut sobre o Tex. Eu mesmo me inscrevi em duas.

Tex Willer é uma personagem criada em 1948 pelo italiano Gian Luigi Bonelli, que escrevia as histórias a serem desenhadas por outros artistas, sendo que o primeiro foi Aurélio Galleppini, o criador gráfico de Tex. Era pra se chamar Tex Killer, mas (li essa informação por aí) a esposa de Bonelli não gostou e pediu pra ele trocar o nome, daí ficou Willer. Acho que ela estava certa, killer não tem muito a ver com um homem da lei justo e respeitador, mais parece com o nome de um fora-da-lei.
E a personagem é assim, além de ranger do Texas, é “agente indígena” nomeado pelo governo americano como responsável pela reserva dos navajos do Arizona e concomitantemente chefe da tribo, onde tem o nome de Àguia da Noite. Buenas, como disse, sou um leitor sazonal de Tex, não sei bem como ele virou chefe navajo, mas deve ter algo a ver com ele ter namorado um índia na tribo e tido o seu filho mestiço, Kit Willer (ou Falcão Pequeno, seu nome navajo), que o acompanha em suas aventuras. Aliás, uma das características de Tex é que ele nunca aparece nas histórias namorando, embora seja um homem na faixa de 40 anos viúvo. Isso claro que é um pouco do estereótipo da personagem, pois um homem durão não se rende aos vícios e aos encantos ligados ao sexo oposto, coisa para os fracos babões. Tex é durão e nem as mulheres o amolecem, eh eh eh eh. Um pouco mais e poderíamos tê-lo com um gay enrustido, principalmente se levarmos em conta sua amizade e parceria inseparável com Kit Carson, o cinquentão ranger de cabelos brancos que também acompanha Tex nas histórias, o qual é chamado pelos navajos de Cabelos de Prata. Mas Tex está mais para a castidade sacerdotal do que para o enrustimento: ora, um homem da lei encarregado de manter a ordem no oeste selvagem não pode ter tempo para os prazeres carnais, ainda mais depois de ter perdido o grande amor da sua vida. Pelo menos é a leitura que eu faço á partir de todas a minhas leituras dos gibis do Tex.
Assim, Tex é um branco que defende os índios, não é racista (em algumas histórias tira as caras pelos negros que são sacaneados), defende os desprotegidos e, acima de tudo, respeita e defende a lei. Um dos seus outros parceiros contantes, além de Carson e de Kit, é o índio navajo Jack Tigre.



O gibi é sempre em preto e branco (sei que algumas histórias em edições antigas eram, excepcionalmente, coloridas, mas eu nunca as vi), mas as com capas coloridas, sempre naqueles traços realistas de grande qualidade e expressão, que eu gosto bastante. Tex sempre lá, de chapéu e botas de couro, revólver e (às vezes) com um rifle winchester, calça azul, camisa de mangas longas amarela e lenço preto amarrado no pescoço. Seu parceiro Kit Carson de calça verde e uma camisa de manga longa marrom com franjas no peito. E eu nunca vi o Tex ou o Kit com outra roupa nas histórias (ah, em histórias que ele está na aldeia navajo ele usa uma outra roupa!), nas quais ele raramente toma banho. Buenas, o nosso herói deve estar de luto mesmo e não se importa muito com a aparência, eh eh eh eh (embora a barba esteja sempre feita).
Eu disse acima que Tex é uma criação de um escritor italiano, e sabemos que os italianos gostam muito de westerns. Há vários filmes italianos do gênero, dos tipo B na maioria, os chamados “westerns spaghetti”, e não sei se fazem muito sucesso nos EUA. Talvez isso explique a falta de um filme hollywoodiano sobre Tex, ou seja, o fato de ele ser uma criação italiana. Nem sei se Tex é lido nos EUA.

Tex é o tipo do herói à Capitão Nascimento, ou seja, a bala come mesmo pro lado da bandidagem. Nos dois últimos números, o 470 (Dez anos depois) e o 471 (Sangue no Paraíso) - capas abaixo, que conta a história de Tex salvando uma vila de religiosos pacifistas Quakers das ações violentas e criminosas de uma bela fazendeira sem escrúpulos, num total de 228 páginas temos os seguintes números: 198 tiros (44 de Tex, 12 de Carson e 142 de outros personagens); 27 mortes (23 por Tex, 2 por Carson, 2 por outras personagens) – destas, 19 por tiros, 4 por explosão de dinamite, 2 incendiados e 2 atropelados por cavalos; 1 chicoteamento; 1 rapto; 1 ameaça de enforcamento; e 1 tentativa de abigeato. Pra vocês verem como a vida de Tex é um agito só! Se pensarmos, os westerns spaghetti tem essa característica, tiros e mortes em quantidade exacerbada, ao contrário dos americanos, onde as balas cantam com mais moderação e objetividade. E Tex faz dessa rotina sua ideologia ao, no mesma edição, abordar um xerife corrupto macomunado com a fazendeira: “Pode acreditar na minha palavra quando digo que mandamos [ele e Carson] pro cemitério mais gente do que a peste e a cólera juntas. A maior parte daqueles que mandamos pra baixo da terra eram delinquentes, mas certos homens da lei que, em vez de serví-la, punham a lei em baixo dos seus pés, também foram fazer companhia a eles.” Realmente, não duvidem, leitores, da palavra de Tex, eh eh eh eh.
E fora isso, temos a ação sobrenatural da personagem principal, no caso, Tex, que elimina 23 bandidos na história, sendo que 20 na parte final, durante a invasão da vila dos Quakers. Pra encurtar, Tex se vê sozinho na vila, pois não pode contar com Carson e os quakers são pacifistas fanáticos que não admitem pegar em armas. Assim, Tex enfrenta os 20 homens chefiados pela fazendeira. De início, ao chegar na vila, ela cerca os quakers na igreja e manda dez homens pra cuidar de Tex. Depois de alguns minutos e muitos tiros, volta apenas um e a fazendeira pergunta “Cadê os outros? Pegaram o ranger?”, ao passo que o capanga apavorado responde “Ele matou a todos, só sobrou eu!”. Claro, até o final da noite só sobra a fazendeira, os outros. É o humor texiano. E ela só escapa de morrer porque Tex, anteriormente, tem o seguinte diálogo com ela: “Vai atirar em mim?”, “Jamais atiro em mulheres, a menos que eu tenha de escolher entre a minha vida e a delas.” Claro que ela não foi louca de testar o cavalheirismo de Tex, eh eh eh.



Aliás, eu já havia dito que Tex não aparece namorando nos gibis, e as mulheres, quando aparecem como personagens centrais, geralmente estão no papel de belas cascavéis ao lado da bandidagem.
Outra coisa que eu queria ressaltar é que o quarentão Tex não apresenta nos gibis um rotina alimentar das mais saudáveis. Ele e o cinquentão Carson, nas aventuras, dormem ao relento na maioria das vezes e, quando dá, tomam um café preto ao acordarem, geralmente feito por Tex, que sempre acorda antes de parceiro. Ao passarem pela cidade, vão num saloon tomar um trago, que pode ser cerveja, conhaque ou uísque. Se não trocarem tiros ou sopapos com alguns bandidos, depois vão a um restaurante e pedem “bifes de três dedos de altura” (as “bistecas texanas”) acompanhados de “uma montanha de batatas fritas” e regados a cerveja. Depois, uma pausa pra um cigarrinho e um pretinho básico, se não rolar um outro quebra pau ou tiroteio logo depois do almoço. Por falar nisso, Tex está frequentemente com um cigarrinho na boca, creio eu que palheiro. Como nas aventuras ele raramente aparece no seu cotidiano como chefe navajo, não sei o que ele come ou bebe lá. Só sei que só vejo ele beber água quando está à cavalo e beberica no cantil. E, mesmo com tudo isso tudo, Tex e Carson são dois caras “sarados”, sem barriga, em perfeita forma e com muita força e agilidade, prontos pra tirotear ou sair no soco com qualquer um. Detalhe: nunca vi Tex perder uma briga nos gibis, a não ser quando é apanhado pelas costas.
Eis o nosso SuperTex, já “sessentão” em suas aventuras pelo Texas, por todo o velho oeste e até pelo mundo, entrando em criptas, enfrentando dinossauros, almas de outro mundo e até marcianos. Dá-lhe Tex!!! Vida editorial longa pra ele.

(Tex é muito lido aqui no Sul, sai muito bem nas bancas e muitas gente (homens na maioria) conhece, por já ter lido ou visto alguém lendo. Sei lá, mas creio que os gaúchos são meio parecidos com o texanos: moram perto da fronteira com descendentes de espanhóis [eles os mexicanos, aqui os argentinos, uruguaios e paraguaios]; conquistaram o território na luta contra esses; economia à base da agropecuária nos primórdios; são um estado à parte da nação, geralmente produzindo presidentes autoritários [eles Bush, nós Geisel, Costa e Silva]; gostam de trago e de carne; o cavalo, a arma e a peleia é parte integrante do estereótipo cultural que modela o seu mito fundante e característico.)








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ANEXOS:

Vou deixar dois artigos sobre os quadrinhos de Tex, pra quem gostou da minha crônica e quer ver algo mais.

1 - Uma atualização especial para os 60 anos de Tex
Por Sidney Gusman (30/09/08)
Exatos 60 anos atrás, no dia 30 de setembro de 1948, os leitores italianos conheceram Il totem misterioso, a primeira aventura daquele que viria a se tornar (ao lado de Lucky Luke) o caubói mais famoso dos quadrinhos mundiais: Tex.
Nascido sob o texto de Giovanni Luigi Bonelli e a arte de Aurelio Galleppini, o personagem nasceu como fora-da-lei, mas não tardou para se estabelecer do lado da justiça - até ranger (integrante de uma tropa de elite do exército dos Estados Unidos) ele foi nomeado.
E suas aventuras foram conquistando os leitores não apenas da Itália, mas mundo afora. Hoje, suas revistas saem em diversos países. E o Brasil é um dos mercados em que o personagem é mais querido. Prova disso é que está há 37 anos ininterruptos (sem falhar um mês sequer) presente nas bancas.
Depois de passar por Vecchi, RGE e
Globo, foi na Mythos, sua editora atual, que seus títulos mais proliferaram. Atualmente, são nove regulares, com diferentes periodicidades: Tex, Tex Coleção, Tex - Edição de Ouro, Tex Gigante, Tex Anual, Almanaque Tex, Os Grandes Clássicos de Tex, Tex Edição Histórica e Tex - Especial de Férias.
Simplesmente nenhum personagem de quadrinhos possui tantas revistas no Brasil! Isso sem contar os especiais, como o colorido Tex Especial 60 Anos, escrito por Claudio Nizzi e desenhado por Fabio Civitelli, prometido pela Mythos para este mês. A trama mostra Tex durante a juventude, ao lado de sua falecida esposa Lilith.
Durante todos esses anos, os leitores do Águia da Noite, como é conhecido entre os índios navajos, aprenderam a se afeiçoar não apenas com roteiristas e desenhistas, mas também a personagens como Kit Carson, Jack Tigre, Kit Willer, Lilith, Gros-Jean, o irlandês Pat Mac Ryan, Bruxo Mouro, Jim Brandon e outros. Além, é claro, de conhecer os inimigos Mefisto, Yama (filho do primeiro), El Muerto, Tigre Negro etc.
Há quem desdenhe dos quadrinhos de Tex, mas certamente não se pode ignorar que um personagem não permanece na ativa tanto tempo se não tiver qualidade. E isso não falta às histórias do ranger. Sua força editorial na Itália é tamanha, que toda vez que o jornal La Repubblica lança uma
coleção de clássicos dos quadrinhos, adivinhe quem é escolhido para inaugurá-la ou estar entre os primeiros personagens publicados?
Mais do que isso, está em andamento na "bota" Tex Collezione Storica a Colori, pelo mesmo La Repubblica. Trata-se simplesmente da republicação em ordem cronológica das primeiras histórias do personagem. A princípio, seriam 50 números, mas o sucesso foi tamanho que o jornal estendeu o contrato com a Sergio Bonelli Editore e a coleção já está no 88º volume - e sem data definida para acabar (aliás, vale visitar o
site que o jornal montou para propagandear esta excelente promoção). Os álbuns, coloridos, trazem sempre uma capa inédita assinada por Claudio Villa e artigos escritos pelo crítico Luca Raffaelli e pelo próprio Sergio Bonelli.
Basta uma visita à Itália para ver que Tex consegue, sim, renovar seus leitores - durante muito tempo se falou que o personagem era escrito apenas para leitores que estavam envelhecendo e que, certamente, seu público sumiria com o tempo. Negativo! E esse mérito é dos criadores e do excelente Sergio Bonelli, um editor com uma rara sensibilidade para adequar seus materiais ao mercado.
Vale lembrar que Tex também já foi adaptado para o cinema, em Tex e il signore degli abissi (Tex e o senhor do abismo), em 1985, com Giuliano Gemma no papel do protagonista. Não é a versão dos sonhos dos fãs, é verdade, mas entrou para a história do personagem.
Também demonstram a força do ranger os sites a seu respeito na internet. Três deles são parceiros informais do UHQ: o italiano
UBC Fumetti, que hoje fala sobre diversos quadrinhos, mas possui um acervo respeitável sobre Tex; o brasileiro TexBR, que tem até fórum para discussões bonellianas; e o português Blog do Tex, comandado pelo moçambicano José Carlos Francisco, o Zeca.
Por tantas razões, nada mais merecido que o Universo HQ prestasse sua homenagem a este que está no rol dos maiores personagens de quadrinhos de todos os tempos.



 

2 - Tex Willer, o ranger do oeste, tem edição comemorativa de 60 anos
Extraído de: A TARDE On Line
06 de Dezembro de 2008
Quem nunca, no mínimo, folheou uma revista do Tex, que dispare seu Colt primeiro. Fenômeno editorial como poucos no Brasil e no mundo, o caubói definitivo criado pelos italianos Giovanni Luigi Bonelli (texto) e Aurelio Galleppini (arte) completou, em 2008, nada menos que 60 anos de muitas aventuras e tiroteios.
Até aí, tudo bem, o negócio é que, só no Brasil, este galante ranger texano bate ponto nas bancas de revistas há nada menos que 37 anos (desde 1971), ininterruptamente. São 444 meses com um, dois, às vezes até 4 ou 5 gibis simultâneos do personagem nas prateleiras.
Além da revista mensal, hoje em seu número 469 (de novembro), o leitor tem ainda à disposição uma enxurrada de títulos como Tex coleção (reedições), Os grandes clássicos de Tex, Tex edição gigante (formato álbum), Tex edição ouro, Tex especial de férias, Tex edição histórica e Tex almanaque. Antes disso, ainda houve uma breve fase do gibi nos anos 50. De lá para cá, ele passou por quatro editoras: Rio Gráfica Editora (anos 50), Vecchi (anos 70), de novo pela RGE / Globo (anos 80 e 90) e a atual, Mythos, do início da década para cá.
Paixão nacional, pelo visto, é pouco para definir o relacionamento entre o Águia da Noite (seu apelido entre os índios navajos) e os leitores brasileiros. Porque nenhum outro personagem de HQ (excetuando-se o orgulho nacional Turma da Mônica) oferece tantos títulos no mercado brasileiro: nem Superman, nem Homem-Aranha, nem Batman, nem os X-Men.
Em cores Para comemorar tão ilustre ocasião, chegou recentemente às bancas a edição Tex especial 60 anos, com uma aventura em cores, escrita pelo atual roteirista oficial do personagem, Claudio Nizzi, com desenhos do fantástico Fabio Civitelli.
Tradutor há mais de uma década das revistas do Tex, o paranaense Júlio Schneider que na sua identidade secreta é advogado conta que a edição, lançada em setembro último na Itália, saiu quase simultaneamente aqui.
Antes mesmo de ir para a gráfica lá na Itália, o material veio para mim. Fui a primeira pessoa no mundo a ler a história. Até apontei um ou dois errinhos, corrigidos antes de a revista chegar às bancas de lá, relata, sem esconder o orgulho. Adequadamente, a história da edição revisita o passado de Tex, mais especificamente, seu relacionamento com a índia Lyllith, mãe do seu filho Kit. Há ainda matérias especiais do próprio tradutor e de Sergio Bonelli, filho de Giovanni e dono da editora que leva seu nome, a Sergio Bonelli Editore, a maior casa editorial especializada em HQs da Europa.
Uma das maiores autoridades do personagem no Brasil e dono de uma mítica gibiteca (já foi até objeto de reportagens), Schneider credita o sucesso do personagem no Brasil às histórias lineares com começo, meio e fim, ao mesmo tempo inteligentes e acessíveis. Para ele, a época do lançamento também ajudou: Em 1971, não existia muita opção de distração. E na TV e cinema, o que mais tinha era bangue-bangue. Todo mundo que lia Tex, gostava. Aí ele foi ficando. Talvez, se tivesse chegado mais adiante, ele não teria permanecido, acredita.
Autor: Chico Castro Jr. | A TARDE


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Enviado por João Adolfo Guerreiro em 01/02/2009
Alterado em 25/07/2020
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