João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Meu Diário
16/07/2020 22h54
Dia 14, terça-feira, aniversário do pai

Na terça o pai fez 84 anos. Nem sabia, lá em 21 de março, quando tudo isso de fato começou para mim, com o primeiro caso em Charqueadas de Covid-19, se eu chegaria à Semana Santa, ao Dia do Trabalho, ao Dia das Mães, Namorados, meu aniversário. Ainda mais o aniversário do pai, agora em julho. Tudo parecia tão distante frente ao desconhecido. Na verdade a gente não sabia ainda como tudo isso seria. Mas o pai fez fez seus 84 anos, está em casa, isolado, tudo bem com ele. Graças à Deus.

No mesmo dia que ele fez 84, um senhor de Butiá, Pedro, estava internado com Covid-19 e completou 80. Faleceu na madrugada de quarta-feira. Vi essa notícia no Portal de Notícias. O homem fez níver e faleceu, que desgraça. Não tem como não pensar nisso, na tragédia que tudo isso é para as pessoas e para as familias. Lembrei da festa que fizemos nos 80 anos do pai e na dor que deve ter sido para os familiares desse senhor não realizarem festa, terem o pai e avô no hospital e ele falecer logo na madrugada seguinte. A gente nem se dá conta que só pelo fato de ter ar nos pulmões somos privilegiados e que ter um pai vivo aos 80 e reunir a família com ele para um aniversário é demais. E ter, durante uma epidemia letal para os idosos, o pai completando 84, é uma graça do Senhor.

Vamos levando. A Joana estava aqui, no pátio e de máscara, nos fundos da casa, comendo com a gente, observando o distanciamento social quando fizemos uma live pelo messenger para parabenizar o pai. Cantamos Dama de Vermelho e Guri para o pai, eu, a Rosi e a Joana. Cantamos aniversário pra ele com o Hino do Grêmio, acompanhei minha mãe cantando parabéns para ele lá. O Gilmar, meu cunhado, tocou Índia com ela. A Emília e o Tiago estavam lá, havia bolo e salgadinhos, o pai soprou as velinhas, estouraram balões. Na segunda e na terça eu coloquei aviso no grupo do Facebook dos 80 anos do pai, que ainda é ativo, para que as pessoas ligassem pra ele, para o fone convencional da casa. Avisei o Pedrinho, pois sei que o pai gosta dele. Foi legal.

Depois o Dálvio, meu primo, entrou em contato comigo pelo messenger perguntando se eu não iria lá, pelo menos para vê-lo no portão. Disse que não. Não vejo sentido nesse tipo de coisa, eu e ele somos grupo de risco. Qual o sentido prático e útil disso, ao meu ver? Nenhum. Com celular e live a gente tem contato seguro para os dois. Da maneira como enxergo, a gente tem de ser forte emocionalmente e seguir os protocolos de segurança. Tem outro jeito? Ao meu ver, não; circular e arriscar é equívoco, hoje. Ainda mais quando se é de risco. Para mim, conviver com a pandemia não é ficar à mercê dela, fazendo coisas que se fazia na normalidade anterior à março de 2020. Para mimm é se adequar a essa anormalidade transitória, firmar o garrão nos procedimentos de segurança até que venha a vacina. O resto eu vejo como um sentimentalismo que não ajuda nem prática, nem emocionalmente e nem psicologicamente. Atrapalha e dificulta, inclusive, mas respeito o que as outras pessoas acham e fazem, pois é um momento difícil, muito maior que a gente.

Essa foto é de quando eu fui com o pai na Arena Grêmio, acho que em 2018, não lembro, agora. Recordo que ele subiu as rampas e ficou cansado, eu devia ter pedido um carrinho que eles tem lá para o transporte de gente velha.  Almoçamos na Hamburgueria 1903 e conhecemos o estádio, foi um dia realmente feliz pra mim ter levado o meu pai lá, ter convencido ele a ir e bancar tudo do meu bolso. Amo o meu pai. Nery Mathias Velho Guerreiro, brigadiano aposentado, casado com a professora estadual aposentada Ivone de Souza Guerreiro, nascido em Mostardas, na localidade chamada Barros, logo depois da divisa com Palmares do Sul, próximo ao primeiro Farol da Solidão, região entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, dia 14 de julho de 1936 às 11h30min da manhã, filho de João Guerreiro de Lemos e Maria Raupp Velho Lemos. Somos Guerreiro porque o vô colocou o sobrenome materno em todos os filhos e Lemos nas filhas, que era "pra botar os Guerreiro pra frente". Não conheci meus avós, nenhum deles, nem maternos nem paternos, mas eu a minha irmã carregamos seus nomes: João Adolfo e Maria Emília. Eu gosto. Hoje, dos 12 irmãos do meu pai, tem ele, um irmão e uma irmã mais novos e uma irmã mais velha. Quatro. Quero estar aqui para ver os 100 anos do pai, que nem estava nos 100 da tia Ná, tia dele, minha tia avó e madrinha de nós dois.

Ainda quero fazer a viagem combinada com o pai e o Matheus até São José do Norte, para conhecer toda a região onde o pai nasceu.

PS - As filhas do Pablo, sobrinho da minha esposa, nasceram dia 14 de julho, a mais velha, a Maria Laura, níver do meu pai, e as gêmeas do Ceará dia 24 de junho, meu níver. Espero sinceramente que ele reencontre seu caminho.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 16/07/2020 às 22h54