Os dias passam lentos, iguais e calmos aqui em casa, devido a segurança que o isolamento social propicia, mesmo eu sendo diabético, do grupo de risco, e meus pais e sogros idosos, diabéticos e cardíacos, em suas casas. Passou a Semana Santa e todo mundo bem, graças a Deus e a ciência.
Nessa situação, perder um bichinho baixa o moral, mas a gravidade do presente é tamanha que ficamos anestesiados. Ela sumiu faz quatro dias. Ainda bem que não a vi morrer. Gata castrada, quando some quatro dias, já era. Apareceram dois ratos mortos aqui em casa, por certo envenenados, pois minhas gatas mais velhas, a Coruja e a Vulkana, não os comeram. A Porto Alegre era nova, um ano, e caçadeira. Deve ter pego um ainda vivo, alquebrado, e comeu. Como não senti cheiro na volta de casa, alguém deve ter sumido com o corpo dela, pois a bichana não ia longe.
O nome dela, na verdade, era Frida Uiu, mas eu a chamava de Chita ou de Porto Alegre. Chita porque era magra, ágil e veloz como uma chita. Porto Alegre porque veio de lá para mim. A vi numa foto no Facebook de uma colega de serviço, a Rosane, que mora na capital. Estava numa caixa com dois irmãos pretos, a mãe havia morrido e a colega queria doar para quem os desmamasse. Foi olhar para ela e decidir ficar, nem sabia se era gata ou gato. Outra colega, a Geórgia, a trouxe para mim. A Frida Uiu, eu e minha esposa a chamamos assim, pois ela miava insistentemente algo parecido, "uiu", quando tinha fome. Tenho videos dela agarrada na mamadeira, no meu colo. Ficou muito apegada em mim. Até agora, com um ano, quando vinha no meu colo, procurava mamar na minha roupa. Mega carinhosa e companheira.
Fazer o que, né? Abaixo, nós juntos, ano passado, assistindo um jogo da Copa América.