João Adolfo Guerreiro
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Meu Diário
25/10/2017 16h09
Hoje, 100 anos da Revolução Russa

Kрасный октябрь¹

Palácio de Inverno, São Petesburgo, Rússia, 02h10min, 26 октября 1917 года² - Os membros do Comitê Militar Revolucionário entram na sala onde estavam os ministros do Governo Provisório e declararam a prisão destes. Começava, nesse exato instante, há 100 anos, a história da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas³ – URSS (ou, em russo, Союз Советских Социалистических Республик – CCCP). Era o desdobramento final de todas as ações iniciadas durante toda o dia anterior pelos revolucionários comunistas.

As pessoas esquecem isso, mas o comunismo foi gerado das entranhas do modo de produção capitalista e, por conseguinte, a Revolução Russa também. Foi a primeira revolução marxista do século XX, inspirada teoricamente em O Capital (1867), livro do filósofo e economista-político alemão Karl Marx, exatamente 50 anos depois da publicação deste.

Deu a tônica do século XX, eis que foi um marco da teoria e da utopia que procurava libertar os trabalhadores assalariados da burguesia, ou seja, os patrões capitalistas. Assim, o liberalismo capitalista, ao libertar o mundo do poder dos nobres em favor da burguesia, potencializou também os “de baixo”, agora convertidos em força de trabalho, em classe de trabalhadora, assalariada, fabril, urbana. 

Embora o movimento socialista russo fosse ativo desde as décadas finais do século XIX, foi nos primeiros anos do século XX que a coisa encrespou de vez. Culminou com a participação desastrada da Rússia na Iª Guerra Mundial, que forneceu as condições objetivas para a queda do Czar, em fevereiro e, depois, para a tomada de poder pelos comunistas bolcheviques (4), liderados por Lenin, em outubro. Com a morte do líder, em 1924, abre-se uma disputa entre Trotsky (5) e Stalin, com o último levando a melhor e governando até 1953, quando morre.

Depois de enfrentar uma guerra civil (1918 – 22), onde os comunistas se mantiveram no poder, chegam à IIª Guerra Mundial. Quando a França caiu de madura e a Inglaterra se manteve segurada no pincel ante o poderio militar alemão, os comunas soviéticos seguraram o nazi-fascismo ítalo-germânico, ao rechaçarem a grande ofensiva nazista denominada Barbarrossa, que reuniu 4.5 milhões de soldados do Eixo numa frente de batalha de 2.900 quilômetros, considerada a maior da história. Ao final, a URSS parou e venceu os alemães em Stalingrado e depois, na ofensiva, foi o primeiro dos países Aliados a meter o pé na porta do IIº Reich em Berlin e pendurar sua bandeira no teto, decretando a derrota final alemã.

Depois, terminado o affair anti-fascista, veio a Guerra Fria e liberais, encabeçados pelos EUA, e comunistas, sob a égide da URSS, ficaram em zonas geopolíticas opostas. Outras revoluções comunistas vieram no pós guerra, inspiradas pela CCCP, como a Revolução Chinesa (1949) e a Cubana (1959). Em 1989 o comunismo ruiu na URSS, mas o legado da experiência comunista soviética transformou o mundo, deixando marcas indeléveis em nosso tempo, mesmo que sejam, naturalmente, controversas.
 
1 – "Outubro vermelho". 
2 – "26 de outubro de 1917" - refere-se à data do calendários juliano, em voga na Rússia de então. Somente no ano seguinte o calendário gregoriano, que usamos atualmente, passaria a ser adotado no pais. Por esse calendário, a data seria 3 de novembro.
3 – Soviéticas, de “sovietes” (“conselhos”), forma deliberativa que reunia o povo para decisões políticas (vide foto acima, do Soviete de Petrogrado).
4 – Bolchevique (“maioria”) era uma das facções do Partido Operário Social Democrata Russo (nada a ver com o PSDB, pois o POSDR era marxista) que, posteriormente, virou um partido, embrião do Partido Comunista Russo.
5 – Morto no exílio, em 1940, no México.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 25/10/2017 às 16h09