Ontem fui no velório de um amigo, pela manhã, bem cedo. Ele era mais velho que eu, 63 anos de idade. Um cara que foi legal comigo, sempre me respeitou e tratou bem, com consideração.
Ele ali, esticado no caixão, e eu recordando algumas passagerns que compartilhamos, o tempo que ficamos sem nos ver e o reencontro numa dessas curvas da vida.
Soube por uma parente em comum que ele estava mal. Câncer no pulmão. Maldito cigarro! No cortejo para a sepultura, percebo que um jovem, o último à direita das seis pessoas que conduziam seu esquife, joga algo no chão. Um toco de cigarro, vejam só!
Os pedreiros começam a colocar as lajes para fechar o sepulcro e, na última, sua simpática e bonita filha começa a chorar e procura abrigo no peito do marido, fragilizada. Sua demonstração de dor e sofrimento me comove. Vou embora.
Chamo o táxi pelo celular, que me pega no portão de saída do cemitério. Ele me deixa no serviço, para mais uma jornada de labuta sob a luz do sol nesse belo dia primaveril de final de novembro.
O céu está lindo. Encho de ar os pulmões.
Viver é sobreviver.