O Jornal Nacional de ontem recebe com méritos o título acima. Num primeiro momento, criticou veementemente a viagem da presidenta Dilma Rousseff à ONU. A presidente não havia embarcado no avião e já criticavam o discurso que ela possivelmente faria, como se fossem profetas do impeachment.
Num ato estranho, ministros do STF davam entrevista criticando o suposto discurso que a presidente que ainda não havia viajado ainda nem fez, como se fossem deputados ou senadores da oposição, em vez de magistrados da mais alta instância do Poder Judiciário.
E, na mesma medida em que o JN desqualificava a presidente, cobria favoravelmente a articulação de seu vice, Michel Temer, na formação do "novo governo". Detalhe: em dado momento, a câmera focava a janela do apartamento de Temer em SP, mirando uma foto sua sorrindo, com o logo do PMDB ao fundo. Ou seja, estavam legitimando como alternativa o governo que ainda não existe, ao mesmo tempo que criticavam o discurso de quem ainda nem havia decolado. Parecia que Temer, em vez de estar com 3% nas recentes pesquisas presidenciais, fosse um presidente eleito formando seu futuro governo.
Horário eleitoral do impechment. O governo está perdendo a opinião pública há tempos, pois não tem possibilidade de fazer o contraditório. E as empresas de comunicação, enquanto isso, apoiam a alternativa ao governo: um governo que priorizará o mercado e o capital, colocando a conta da crise econômica atual nas costas do trabalho e dos assalariados do setor privado e público. Os sinais já estão escancarados no ar. As pessoas apenas não estão percebendo. Todavia, a realidade costuma ser cruel com os ingênuos.