João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Meu Diário
22/12/2020 23h05
Ortega Y Gasset: 277 dias

Fui fechar a janela do quarto devido ao vento frio pelo adiantado da hora e vi as árvores da casa do meu sogro balançando. Já estou aqui desde 21 de março, há 277 dias, sem sair, e pensei que poderia ficar pelo resto da minha vida, com minha esposa, as gatas, a cadela e o cão. A única coisa que falta é um curso d'água passando ao lado ou ao fundo do terreno, uma sanga que fosse. Com isso, seria perfeito. A gente vive bem com muito pouco e em pouco espaço, desde que esteja com o coração e a mente de boa. Água, ar, comida, companhia. Não precisa de muito.

Não sei o que isso revela de mim, sinceramente também não estou preocupado em saber, só sei que é a minha verdade. Sou um homem simples, não muito diferente das gatas e dos cães, esses que vivem o seu tempo todo no meu terreno, na minha casa e parecem estar de boa. As gatas por total opção, os cães porque não posso criar soltos, devido ao movimento de carros na rua. Contudo, os que já criei soltos ficavam pela volta a maior parte do tempo antes de serem atropelados, logo, penso que o Botafogo e a Bela Ponte-Preta fariam o mesmo.

Ficar por aqui, ainda mais hoje em dia, quando podemos comprar tudo o que precisarmos e quisermos sem sair de casa. A pandemia me fez ver isso. Muitas das necessidades que eu tinha sumiram na atual circunstância, logo, deveriam ser circunstânciais, também. O homem é ele e a sua circunstância, disse Ortega Y Gasset. Sabia do que estava falando. No Natal completarei 280 dias de isolamento social; em 14 de janeiro, 300. Sei que não haverá vacina até lá. O mais provável é que eu chegue a 365 dias nessa situação, no mínimo, talvez até a próxima Páscoa. Estarei nessa até o próximo inverno? Não sei.

Vou ler a edição capa dura da Melhoramentos, tradução do Mário Quintana, que é o que vim fazer no quarto. A capa roxa brilha no escuro. Eh eh eh eh eh. Encomendei ele há uns três ou quatro meses com a Lua de Papel, entregaram-me faz uns 15 dias. Estava na quarentena. Por garantia, passei álcool no plástico e, depois de abrir, na capa. Vai que, né?

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 22/12/2020 às 23h05
 
20/12/2020 13h10
Artur entrou aqui hoje

Hoje pela manhã o Pedro e a Manuela vieram tomar café com meus sogros. Ela veio com o Artur junto ao portão que tenho na cerca que divide os pátios e o guri, que está começando a andar, se firmou no portão, começou a balançá-lo e a mexer no cadeado.

Entendi que ele queria entrar no pátio. Pensei: Porque não? Se a Joana e o Jessé entram, ele também pode, pois se eu usar máscara e lavar a mão depois de tocar nele, não haverá perigo ou quebra de protocolo, eis que ele é muito pequeno e não ficará com a respiração na altura da gente. Botamos máscaras eu e a Rosi e abri o cadeado para ele entrar. Fez uma folia aqui: andei com ele pela mão, brincou na água dos cachorros e entrou dentro de um balde cheio d'água, depois de brincar com bolinhas de Natal dentro dele.

Querido, um mimo essa criança, alegre e afetuosa. Convidei a Manuela para entrar também, dei-lhe uma máscara. Sentou numa cadeira e ficou no protocolo de dois metros. Foi legal, gostamos muito. Eles foram a quarta e a quinta pessoas que entram dentro do meu pátio desde 20 de março. O Artur foi a quarta pessoa a entrar dentro da minha casa, fui com ele pela mão dentro da cozinha. Antes dele, a Joana, o Jessé e o rapaz da TKNet que veio arrumar nossa conecção com a internet. Tudo sempre dentro dos protocolos, rigorosamente.

Tive os cuidado de lavar as mãos a higienizar as coisas onde o Artur tocou, assim como faço com a Joana e o Jessé. Protocolo é protocolo, se você não o segue sempre, acaba esquecendo um dia. Adorei lidar com ele.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 20/12/2020 às 13h10
 
20/12/2020 13h05
Presépio pronto

Na segunda-feira. 14, após o Domingo Gaudete (da alegria), a Rosilane montou o presépio aqui em casa, depois de trabalhar nele por dias.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 20/12/2020 às 13h05
 
16/12/2020 22h35
54 anos da Rosilane

Hoje o amor da minha vida, minha companheira, fez aniversário. A foto acima não é recente, mas é atual - de antes da pandemia -, estávamos na lancheria Paredão.

Pela manhã, seu irmão mais novo, Pedro, esteve por aqui com o filho Artur, de um ano. Um mimo essa criança, carismática e simpática demais, muito querido. Tomamos café no nosso lado da cerca e eles no pátio d outra casa: além do Pedro, o seo Pedro, a dona Eva e o Denilson, irmão mais velho da Rosilane. Uma conversa agradável. Combinamos o Natal: o Pedro e a Manuela vem pra cá e a Joana e o Jessé também, vamos assar chester e carne de porco.

Pelo início da  tarde recebi os produtos que compramos online e recebemos por tele entrega, higienizei-os e limpei e lavei todo o pátio e a área de serviço, onde receberíamos a Joana e o Jessé. Ornamentei a área com luzes e enfeites de Natal. A Rosilane fez sua especialidade na pandemia: costela assada no forno, uma delícia, fica sempre supimpa. A Joana chegou às 19h e foi às 22h. A Joana quer porque quer que sua filha, se tiver, chame-se Maria Teresa; o Jessé não aceita esse nome de jeito algum, não gosta. Para homem eles se afinam: Bruno, o nome do padre que os casou domingo, em Santo Amaro - eles gostaram muito do padre, assim como as outras pessoas da família, só elogios para a conduta dele no casamento, a gentileza e a firmeza que demonstrou. Detalhe: achamos ele parecido como o Karev de Grey's Anatomy.

PS - Pois pela manhã o Pedro me disse que já havia acontecido a primeria partida das quartas-de-final da Libertadores, Grêmio 1x1  Santos, na Arena. Não sei como perdi essa. Mas achei o resultado ruim e o jogo de volta era hoje. Tive um mau pressentimento e nem ouvi o jogo, preferi focar 100% no níver da Rosilane e em receber a Joana e o Jessé. Meus pressentimentos não falham: Santos 4x1 Grêmio, na Vila Belmiro. Ainda bem que não ouvi, estragaria o meu humor. Na verdade, o futebol perdeu 80% de seu interesse para mim nessa pandemia, a verdade é essa.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 16/12/2020 às 22h35
 
13/12/2020 23h43
Eu estava lá

Eu me senti lá, completamente lá. Em todo o cuidado, em todos os custos, em todo o preparo, com o coração e o pensamento.

Estava lá fotografando com o Claudinho e tocando com o Samuel. Estava lá na decisão do meu pai e nos discursos e lágrimas dele. Estava lá na perseverança de minha mãe. Na escolha do lugar, da igreja e do restaurante eu estava lá. Na minha filha eu estava lá. No amor da minha esposa eu estava lá.

No isolamento, no exemplo e na firmeza eu estava lá. Um dia de alegria no domingo da alegria natalino - o Domingo Gaudete do Advento de Natal.

Deve ser mais ou menos assim quando não estamos mais no plano físíco, mas deixamos nosso significado e legado para as pessoas.

Eu estava lá. E gostei de estar, exatamente assim.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 13/12/2020 às 23h43
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