João Adolfo Guerreiro
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Pobres eleições, eleições pobres

As eleições municipais que iniciaram dia 16 estão, para a conjuntura política, como um peixe fora d'água. No momento, a questão nacional e as decisões de Brasília contam mais do que tudo para a vida concreta das pessoas. As reformas da Previdência e da CLT vão alterar a relação destas com o mundo de uma forma em que as cidades não tem como intervir: a regulação da vida econômica dos indivíduos, ligada ao mundo do trabalho.

Isso é mais agudo ainda nas cidades pequenas e médias, sem importância política, por estarem "longe demais das capitais", como diz a canção. Já nas capitais, o resultado das eleições municipais desse ano ainda pode ter alguma influência sobre o cenário nacional, balizando tendências de votação no Congresso Nacional.

Serão, logo, eleições atípicas. A proibição das doações empresariais fará com que sejam realmente "eleições pobres”. Mas, mesmo assim, vai ser o momento das cidades decidirem o que querem ser e pra onde querem ir. E a população, como vai responder a essas perguntas dia 2 de outubro?

Entretanto, uma questão anterior às principais se coloca como pressuposto: estamos diante de uma disputa de projetos ou de poder? Os candidatos e as coligações que os sustentam tem projetos distintos para a cidade ou é apenas um jogo de poder intestino circunscrito à classe política local, disputando, aos tapas, os espaços do Legislativo e do Executivo? Essa resposta não será dada pelo povo nas urnas dia 2 de outubro, mas sim pela classe política durante as eleições, entre os dias 16 de agosto e 1º de outubro. E a forma de disputa em uma eleição fala muito sobre como será o governo de uma cidade.

Se a resposta da classe política for "disputa de poder", a população não terá como responder. Pobres eleições! Se for "disputa de projetos", daí sim. Pois atentem para o fato de que uma disputa de projetos é também uma disputa de poder, contudo uma mera disputa de poder não necessita embasar-se em projetos distintos. Pode, até, inclusive, ocorrer sem projeto algum. Por exemplo: alguém aí se lembra de alguma proposta do governador José Ivo Sartori? E ele deixou de se eleger por causa disso?

O que nossa cidade quer ser? Ah, essa pergunta exige muito de quem postula a condução do Executivo municipal, a pessoa tem de estar preparada. Não só o quadro administrativo de um município já é algo complexo, mas também a conjuntura político-econômica regional, estadual, nacional, continental e mundial nas quais ele está inserido. E é aí que a porca torce o rabo ou a vaca vai para o brejo: administrar uma cidade não é para amadores ou para políticos e partidos sem visão estratégica e capacidade técnica e política para elaborar projetos e captar recursos estaduais e, principalmente, federais. Nesse caso, quem vai para a chuva é para se molhar sem ficar gripado.

Para onde nossa cidade quer ir? Respondida a questão principal (o que quer ser) pela população e o pressuposto (poder ou projeto) pela classe política, nossa cidade terá um caminho, um norte, um rumo, consensuados através da discussão democrática ensejada pelas eleições municipais desse ano. Aproveitemos a oportunidade. Enriqueçamos as eleições para que essas não sejam pobres.

Artigo publicado no jornal Portal de Notícias, versões online e imporessahttp://www.portaldenoticias.com.br/ler-coluna/198/pobres-eleicoes-eleicoes-pobres.html
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 25/08/2016
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