João Adolfo Guerreiro
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Textos
O escritor e o peregrino

Interessante perceber como a biografia de pessoas que foram protagonistas de determinados fatos históricos apresentam momentos cruciais semelhantes, como é o caso de Euclides da Cunha e de Antônio Conselheiro, sobre os quais escrevi na semana passada.

Quando descreve o Conselheiro, Cunha o faz de maneira depreciativa no capitulo IV do livro Os Sertões. Uma visão de homem branco, letrado, social e economicamente incluído, eivada de preconceito de classe social vestido de uma ciência positivista que constrangeria um cientista social contemporâneo. O homem é ele e seu tempo mais do que o seu espaço físico, ao contrário do que Cunha teorizou sobre o Conselheiro, esquecendo de si mesmo.

Em determinado trecho, menciona a vida pessoal do líder religioso, especulando que a fuga da esposa desse com um policial foi o motivo que o fez abandonar tudo e partir rumo a sua peregrinação pelos sertões do nordeste. Adiante, no mesmo capítulo, tece críticas severas ao comportamento moral dos habitantes de Canudos, denunciando “a promiscuidade de um hetairismo infrene”. O arraial de Belo Monte era, assim, caracterizado como uma “urbs monstruosa”.

O olhar científico dos primeiros anos do século XX, carregado de um flagrante etnocentrismo, como se o sertanejo não fosse brasileiro, teve, ironicamente, uma correspondência na sociedade dita civilizada de onde o autor era originário. Eis que, infortúnio e vergonha, sua esposa mantinha um caso com um jovem militar, do qual engravidou. Tempos depois, foge com esse. Cunha, sentindo-se humilhado, trava um duelo com o rival, terminando morto.

Assim, o escritor partilha em sua biografia agrura pessoal análoga a do peregrino e, de igual forma, a sociedade civilizada mantinha em seu tecido “manchas” semelhantes as da urbs monstruosa, embora submersas nas aparências sociais.
O ser humano é um só.

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CUBA livre 2014 – Agora que os Estados Unidos estão derrubando “o tijolinho que faltava” ser derrubado no Muro de Berlin, como ficarão os preconceitos políticos calcados nos esquemas anacrônicos da Guerra Fria? Anos 1960, “não deu pra ti, e nos“ 2010 “eu não vou me perder por aí”, deve estar cantando o presidente Barack Obama na Casa Branca, enquanto fuma um charuto cubano enviado por Raul Castro... PS – Com isso, Dilma passa de comuna para visionária na questão do porto de Mariel. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...” - Lulu Santos.
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ELEIÇÕES 2014 – Mesmo com a falta d’água em São Paulo e com o Petrolão no Brasil, Geraldo Alckmin e Dilma Rousseff foram reeleitos: realmente, imbatíveis!
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RETROSPECTIVA 2014 – Para a nossa região, o fato mais signific(neg)ativo desse ano foi: Ih? É? SAbe lá!
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FELIZ Ano Novo – Esta é a última cônica de 2014. Como foi o Natal de vocês? Espero que tenha sido muito bom. Resta então desejar um 2015 cheio de saúde, amor e paz. Dia 9 de janeiro, com a graça de Deus, estarei por aqui novamente. Quanto a 2014, como dizia o saudoso jornalista Jorge Alberto Beck Mendes Ribeiro, “foi um privilégio ter estado com vocês”. Um grande abraço a todos.


Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notíciashttp://www.portaldenoticias.com.br
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 22/12/2014
Alterado em 22/12/2014
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