João Adolfo Guerreiro
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Foto: http://infodiretas.com/festival-de-balonismo-ze-ramalho-encerra-com-maestria-terceiro-dia-de-evento/

Zé Ramalho em Torres RS, no 26º Festival do Balonismo

Um dos motivos de eu ter ido ao tri legal e bem organizado 26º Festival do Balonismo na bela Praia de Torres foi esse show do Zé Ramalho. Ele, assim como Raul Seixas, são artistas clássicos de minha geração.

Dos três grandes shows nacionais do evento, foi o primeiro, o da sexta-feira, dia 02 de maio. Nos outros dias, Cláudia Leite (sábado) e Victor e Leo (domingo). Começou à 1 hora da madruga, no horário programado.

Foi um show despojado, somente Ramalho ao violão e mais 5 músicos sobre o palco: sax/flauta, teclados, bateria, percussão e baixo. Sem guitarrista!
Mas a guitarra não fez falta, o sax/flauta fazia a maior parte dos solos, junto com os teclados. O baixo também entrava nessa, mas pouco. E o violão nylon do Zé era muito bem executado por ele. Acordes simples (na armadura tradicional em que são feitos no violão), mas um trabalho de mão direita muito firme nas "batidas", diria até requintado nos contratempos dos ritmos. Para ser de qualidade, não precisa ser hipertécnico, basta ter a musicalidade certa. Como já disse o Erasmo Carlos: "Se o simples fosse fácil de fazer, teríamos milhares de Parabéns Pra Você por aí" (citação não literal). Só que o som do Zé é um falso simples. É "raso, largo e profundo", como diz a letra da canção de Raul que ele tocou durante o show.

Realmente despojado: eram só os músicos no palco, sem fogos de artifício ou sem recursos audiovisuais, ao contrário dos shows do sábado e do domingo. Os instrumentos e as vozes eram o show, junto com a força das canções. Isso, Zé Ramalho: a força da canção!
E os arranjos eram na medida exata, sem virtuosismos, embora também sem indigência musical. Tudo na medida certa, a serviço das canções, todas com melodias, harmonias e letras inventivas, como quem conhece o trabalho dele já sabe.

Abriu com uma versão legal de Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré (vídeo abaixo). Acrescentou mais um acorde na canção que no original é toda em Am e G. Não percebi o tom em que ele estava, mas, baseando-se na harmonia original, ele acrescenta uma relativa menor ao segundo acorde, G: um Em. Ficou legal, um recurso simples mas que deu mais tensão dramática para a canção (vocês podem conferir isso no link do Youtube que disponibilizo abaixo, da abertura do show).

Depois veio com Na Beira do Mar. Todo mundo cantando junto todas as canções. E daí a gente vê quantos sucessos ele tem. Mais fácil dizer os que ficaram de fora: Orquídea Negra, Mistérios da Meia Noite, Mulher Nova Bonita e Carinhosa, Kriptônia. Eu senti falta dessas, mas as outras todas ele cantou. Pelo menos assim me pareceu. E ainda mandou ver duas do Raul: Gitá e Medo da Chuva.

Zé é um cara de pouca conversa, falou pouco durante o show. Abriu a boca depois da segunda ou da terceira canção. Mas sempre foi simpático com o público. No final, antes do bis, pediu para a produção pegar um LP que alguém estava segurando na frente do palco para dar um autógrafo. Aliás, foi o único artista que deu bis nos shows do Festival.

Por ser um show numa praia, com mais de cinco mil pessoas assistindo (pagando de R$ 50 a 80 o ingresso, pois o show era num local fechado), impressionou-me as canções serem acompanhadas em peso pelo público, onde havia muitas pessoas jovens. Realmente, o trabalho do Zé é atemporal, transcende gerações.

Icônico, com toda a certeza. Estou arrepiado até agora.



Deixo um link com a abertura do show, no Youtubehttp://www.youtube.com/watch?v=BoM0XKonMeU
João Adolfo Guerreiro e Antônio Bacamarte
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 06/05/2014
Alterado em 06/05/2014
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