João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos
A mina do Cabelo

Eu tava parado lá na portaria e duas mina que trabalham aqui na empresa tavam passando, né. Daí eu ouvi o que as guria tavam dizendo. Uma falou pra outra:
- Mas bah guria, acho que é dos carecas que elas gostam mais.
- Bah e eu concordo contigo - disse a outra mina né cara.
Daí eu pensei: Bah cara, o lance é com o Cabelo.
Cheguei pro Cabelo e disse:
Mas bah Cabelo, tu nem sabe o que eu ouvi cara! As duas minha aquela tavam passando aqui e eu ouvi a mina aquela dizer que é dos carecas que ela gosta mais. Daí eu pensei assim: Mas bah cara, só tem eu e o Cabelo aqui na Portaria, e eu sou cabeludo cara, então o lance da mina é com o Cabelo, que é careca. Daí eu vim te dizer Cabelo. Bah Cabelo, assim ó, eu acho que a guria aquela tá tri afim de ti véio! Ela curte um careca e só tem tu de careca aqui.
Daí o Cabelo coçou a careca cara.
Sabe, o Cabelo mora em Pelotas, mas diz que se criou em Jaguarão, então não tem esse lance de viado com o Cabelo sabe. Ele diz até que era o garanhão de Uruguaiana quando morou lá também, então eu acredito que o Cabelo mora em Pelotas mas é firmão cara.
Mas daí né cara o Cabelo ficou coçando a careca e eu disse pra ele:
- Mas bah Cabelo, não sei não véio, mas se eu fosse tu eu ligava pra mina pra ver esse lance aí cara. Vai nessa Cabelo, tu é meu bruxo, dos meus confirmado, firma o garrão véio!
Daí o Cabelo ficou naquela vacilação e disse:
- Mas bah Magrão, assim ó, eu também tô tri a fim da mina, mas tô numa tetra-dúvida se ligo pra ela.
- Mas tu não pode ser assim véio, tu tem que ser penta-ousado pra ganhar a mina cara, ainda mais que ela é hexa-gata e que tu tá hepta-sozinho.
E o Botelho permaneceu naquela octa-indecisão.
Ligo.
Não ligo.
Ligo.
Não ligo.
Daí o lado Jaguarão dele falou mais alto e o Cabelo ligou né cara.
- Bah mina, é o seguinte ó, o Magrão ouviu tu dizer que tu gosta de careca e eu entrei numas que tu tá tri afim de mim e largou essa só pra ele ouvir e contar pra mim. E daí mina, qualé o lance?
E daí a mina disse pro Cabelo cara:
- Mas bah Cabelo, não é esses lado aí cara, a gente tava falando das nossas vozinhas, o Magrão entendeu tudo errado cara. Não é por aí véio. Nada a ver.
Mas bah cara, me deu uma pena do Cabelo, que cagada que eu fiz. Mas assim ó, eu tava tri cheio das boa intenção com o Cabelo, véio.
Mas o Cabelo não entendeu o lance por aí cara, ficou tri magoado comigo, entrou numas de que eu tava de sacanagem com ele. Tanto que, no outro dia de manhã, largou todo o Nescafé na água cara, de propósito, só pra mim não tomar cara. Aí eu disse:
- Mas bah Cabelo, qualé, não me faz te pegá nojo!

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Essa história é inspirada no personagem "Magro do Bonfa", do humorista gaúcho André Damasceno (que já trabalhou na Escolinha do Professor Raimundo, na TV Globo). Tive aula de matemática com o André Damasceno em 1989 em Porto Alegre. Hoje me acordei lembrando disso e acabei fazendo essa história.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 09/07/2009
Alterado em 03/10/2009
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