João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Meu Diário
10/06/2017 13h11
Crime passional

Quatro cachorros grandes mataram o Alemão, segundo informou Carlinhos, meu vizinho. Ele de vez em quando faz bico de taxista e disse que viu os cachorros liquidando com o Alemão perto de onde ficava o CTG Ramiro. Carlinhos tocou o carro por cima do bando para afastá-los, mas já era tarde.

O Carlinhos lembrou do fato agora há pouco, pois chamamos ele pra ver se um gato branco peludo morto debaixo de um carro na frente da minha casa era dele. Os donos do carro me chamaram pra ver se era meu. Não era meu nem do Carlinhos. Daí eu perguntei pra ele pelo Alemão, que estava sumido. O Alemão costumava ficar uns dois ou três dias direto na farra, para aparecer depois magro e, por vezes, detonado. Da última vez, sem um pedaço da orela. A idade já estava pesando, pelo visto.

Tudo por causa de uma cadela no cio. Crime passional: linchamento canino. Alemão faria 10 anos esse mês, é irmão do meu cachorro, o Botafogo, que, aliás, tive de botar na corrente para evitar que tivesse o mesmo fim, pois o danado aprendeu com os gatos a pular o portão de ferro da casa, escalando-o. O Botafogo é preto e branco (mais preto) e o Alemão era alemão, é o da foto acima. Os dois filhos do (grande e inesquecível) Aquiles e da Filompeta, saudosos.

O Carlinhos disse que umas mulheres que estavam por ali o colocaam no lixo. Fazia uma semana que o Alemão sumira, minha sogra, dona do Alemão, havia me dito ontem. Eu disse que hoje eu iria procurá-lo. Ia fazer isso hoje pela tarde. Pela manhã minha esposa e meu sogro haviam dado uma banda pela região da Beira Rio atrás dele. Eu sabia que o Alemão não estaria por lá, pois sei que ele circulava pela banda de cima da cidade, já peguei ele pela Câmara de Vereadores e pelo Parcão, sempre pelo mesmo motivo: cachorras.

O Alemão tinha esse nome por causa do Alemão do BBB, era bem pela época que ele nasceu. Eu gastei uma grana violenta para salvar ele, que pegou cinomose e parvirose quando tinha uns seis meses. Ele e a Vitória, irmã dele e do Botafogo, que era toda cor de chocolate, linda. Um carro atropelou-a quando ela tinha uns dois anos. O Alemão nunca se deu mal com carros, vivia na rua e sabia se virar muito bem, era super safo. Morreu por um linchamento covarde perpretado pelos de sua própria espécie.

Aliás, a gente não vê cadela brigando por cachorro, só o contrário. Aliás, só os macho é que se matam por fêmeas, nunca o contrário. Isso é uma lição para nós homens, não é mesmo?

Bom, o Alemão era um cão muito tri, eu gostava muito dele. Dava rango e carinho pra ele, direto, já que as casas são vizinhas. Ele de vez em quando entrava lá no meu pátio e dormia por lá. A minha esposa pegava no meu pé porque ele tinha o mau hábito de puxar as roupas da cerca para dormir em cima. Eu vinha aqui pra lan e ele, de vez em quando, vinha atrás. Ele seguia eu e a minha sogra pelo centro. Nos outros lugares eu não me incomodava, mas na lan era mais complicado, mesmo com o pessoal de lá não ligando. Ele subia três lances de escada e, quando eu via, lá estava ele, ao lado de minha cadeira. FDP! Eu tinha de voltar e trancar ele no meu pátio e ele lá ficava, eis que não savbia, como o Botafogo, escalar o portão de ferro.

Um bom cachorro. espero que tenha dado uma procriada antes de morrer, para sua partida não ter sido em vão. O Botafogo está lá, na corrente. Vou reformar o portão para ele não escalar mais e para ele voltar a ficar solto pelo pátio. Na corrente não é vida, mas a rua é morte certa para cães de porte médio metidos a fornicadores.

PS - SE LEREM ESTE TEXTO, POR FAVOR, NÃO COMENTEM NADA COM MINHA SOGRA, QUE ELA ESTÁ MUITO ABALADA COM O SUMIÇO DO ALEMÃO.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 10/06/2017 às 13h11